Segundo país mais atingido pela pandemia do novo coronavírus, o Brasil registrou em agosto queda no total de mortes em relação ao mês anterior. Foram 28.947 óbitos pela doença em agosto contra 32.912 em julho, uma queda de 12%.
Em todo o mundo, houve 180.649 mortes no mês de agosto - 16% desse total no Brasil. Desde o início da pandemia, foram registrados 844.312 óbitos, segundo a Organização Mundial da Saúde.
O Brasil soma 121.515 vítimas da Covid-19 desde março. A doença que infectou 3.910.901 pessoas no país.
Os dados são fruto de uma colaboração inédita entre Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL para reunir e informar números sobre o novo coronavírus. As informações são coletadas com as Secretarias de Saúde, e o balanço será fechado às 20h de cada dia.
O país registrou 619 novos óbitos e 48.785 infectados nas últimas 24 horas, segundo relatório desta segunda (31). Embora o número de novas mortes por Covid-19 tenha diminuído no mês de agosto, ainda é cedo para falar em uma tendência consolidada de queda, segundo especialistas.
A média móvel de sete dias referente a esta segunda é 11% menor que a de 14 dias atrás: eram 971 óbitos, contra 866 agora. Nas últimas quatro semanas, a variação também foi negativa, mas com queda sempre menor ou igual a 5%.
A média móvel é um recurso estatístico que busca dar visão mais acurada da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. O índice é calculado somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete.
Segundo epidemiologistas, há queda sustentada quando a diminuição ultrapassa os 15%. Neste momento, portanto, o panorama indicaria estabilidade.
"Podemos, no máximo, ser cautelosamente otimistas. Não ter aumentado é uma boa notícia, mas ainda representa muito pouco", afirma Celso Granata, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.
A queda é maior no Sul, região que enfrentou um surto mais tardio de coronavírus. A média móvel desta segunda (115 óbitos) é 20% menor que a do dia 17. Em Santa Catarina, houve queda de 34%.
No Centro-Oeste, a variação foi negativa (-5%) pela primeira vez desde maio. No quadro geral, contudo, o cenário é de estabilidade.
"Temos várias pandemias dentro do mesmo país. Precisamos observar os números por região. Ainda temos áreas com aumento de casos e mortes", analisa o infectologista Leonardo Weissmann, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo.
"Estamos num momento que precisa ter muita atenção. As pessoas já estão relaxando, há uma abertura que ia acontecer em algum momento. Mas em em alguns lugares, vemos altas preocupantes. Esse é o caso do Rio de Janeiro", diz Granata.
O Rio de Janeiro é um dos que mais apresenta alta: 64%, considerando a média móvel do dia 17. Os números do estado, porém, costumam oscilar, o que pode prejudicar a análise do panorama.
Na sexta (29), por exemplo, não foram divulgação dos números diários da Covid-19 no estado. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, houve problemas no sistema do Ministério da Saúde que permite calcular as métricas diárias.
Essa é uma queixa recorrente dos estados, e não raro secretarias deixam de publicar números diários alegando instabilidade na plataforma do governo federal.
Foi após atitudes do governo Jair Bolsonaro de falta de transparência com os dados da pandemia que o consórcio de imprensa passou a compilar os dados dos estados. Em junho, o Ministério da Saúde ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou informações do ar, deixou de divulgar totais de casos e mortes e divulgou dados conflitantes.
A pandemia do novo coronavírus completou mais de cinco meses no Brasil. O caso número um de infecção foi registrado em fevereiro, e a primeira vítima morreu em março, em São Paulo.
Desde então, o Brasil tem registrado consecutivas altas em infecções e óbitos. Está atrás apenas dos Estados Unidos como país mais afetado.
O Brasil tem uma taxa de cerca de 56,9 mortos por 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (183.005), a taxa é de 55,6.
O México, que figura em terceiro lugar no número de mortos pelo novo coronavírus (63.819), tem 48,3 mortes para cada 100 mil habitantes. O Reino Unido registrou até o momento 41.586 casos fatais da doença, com taxa de 62 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 18,6 mortes por 100 mil habitantes. O país vizinho contabiliza atualmente 8.401 óbitos por Covid-19.
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