Com o sistema de saúde em situação de calamidade pública no Distrito Federal, corpos de vítimas de covid-19 tem ficado à espera de deslocamento em corredores de hospitais e até dispostos no chão. Imagens gravadas por servidores de unidades localizadas no Guará e em Ceilândia, regiões do entorno de Brasília, mostram um corpo ensacado no piso. Em outra situação, há uma vítima da doença já sem vida enrolada em panos, sobre uma maca.
A rede de atendimento está esgotada. Números atualizados pelo governo do Distrito Federal mostram que, na tarde de segunda-feira (22) havia 411 pacientes que aguardam uma vaga de UTI para tratamento contra o coronavírus. A rede de 432 leitos de atendimento intensivo de hospitais privados está quase toda tomada, com apenas cinco vagas disponíveis. A pressão recai sobre os 409 leitos de covid-19 da rede pública.
A reportagem do Estadão questionou a Secretaria de Saúde do DF a respeito dos corpos dispostos no corredor e no chão nos hospitais públicos. Sobre o caso ocorrido em Ceilândia, a secretaria de Saúde afirmou que o corpo ficou no corredor porque "houve, sim, um atraso no procedimento em função do volume corporal e a indisponibilidade, naquele momento, de invólucro compatível com as dimensões do corpo". Segundo a Secretaria de Saúde, o corpo foi transferido para a área de anatomia, "até a remoção pela funerária em uma urna compatível com o volume corporal".
A respeito do corpo colocado no chão no Hospital Regional do Guará, a direção do hospital informou que os corpos que aparecem na imagem não estariam no chão, mas sim "sobre um tablado de madeira enquanto aguardavam transição para o serviço funerário". "São casos isolados e precisam ser vistos dessa forma para que não sejam divulgadas informações equivocadas para a população do DF", declarou a Secretaria de Saúde.
Na sexta, o governador do DF, Ibaneis Rocha, prorrogou por uma semana as medidas de restrição de funcionamento de atividades não essenciais na capital federal. As medidas que tiveram início no dia 28 de fevereiro tinham validade até esta segunda-feira. Agora, segundo o governador, serão estendidas até o dia 29 de março. O governo do DF, ao lado do Rio Grande do Sul e Bahia, teve a sua decisão questionada diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra aquilo que ele definiu como "estado de sítio" determinado pelas unidades da federação.
Não há mais leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para tratamento de pacientes com a covid-19 na capital mineira. Cinco dias depois de esgotarem as vagas para casos graves da doença na rede particular, um boletim da prefeitura de Belo Horizonte divulgado nesta segunda-feira (22) mostra que também não há mais vagas para esse tipo de tratamento na rede pública.
O relatório aponta que a ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade atingiu 101,4%. É a primeira vez durante a pandemia que os leitos para tratamento de casos graves da doença na rede pública se esgotam. Na rede privada, a ocupação dos leitos de UTI para covid-19 é de 114,4%.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para posicionamento sobre como está sendo feita a gestão da pandemia na capital depois do colapso na ocupação dos leitos de UTI. Até esta segunda-feira 3.020 pessoas morreram na cidade com covid-19. O total de casos confirmados é de 132.201.
Para tentar aliviar o fluxo nas unidades de pronto atendimento (UPAs), a prefeitura anunciou que postos de saúde serão utilizados para acolhimento de casos de baixa e média complexidade que não sejam de doenças respiratórias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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