O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, avalia que até março - quando deve haver a disponibilidade das doses do imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford, a farmacêutica AstraZeneca, e envasadas pela Fundação Oswaldo Cruz - somente os imunizantes produzidos pelo Butantan estarão disponíveis para aplicação no País. Segundo ele, "isso coloca no Butantan a responsabilidade de continuar sendo o produtor da única vacina em uso no País neste momento".
Dificuldades na importação de doses e de insumos para a produção e envase da Coronavac ameaçam a campanha de imunização brasileira e acenderam o alerta no governo paulista de atraso no calendário vacinal.
Durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (20), Covas pediu ao governo federal, em especial o presidente da República, Jair Bolsonaro - que disse no início da semana ser "do Brasil" a vacina - e o chanceler Ernesto Araújo, para que ajudem a "aplainar" as relações com a China.
Tanto o presidente quanto o ministro das Relações Exteriores têm protagonizado episódios de ataque à China, que podem ter contribuído para o atraso na remessa de insumos.
"Aguardamos liberação dos insumos da China para nossa produção local", disse Covas, que afirmou depender de uma quarta instância chinesa a liberação da importação dos insumos. "Apelo ao presidente para acelerar entendimentos", completou. Segundo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o País "precisa estar mobilizado para trazer os insumos da China".
Para Doria, o escritório de negócios do governo paulista em Xangai, na China - inaugurado em agosto de 2019 - "abriu novos canais para a liberação de insumos da Coronavac".
"Trabalhamos com a China, que confia no governo de São Paulo, independentemente do governo brasileiro", disse o governador.
Conforme relatou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em reunião com representantes chineses no período da manhã, problemas técnicos foram responsáveis pelo atraso e não políticos.
Segundo Doria, a fábrica, em instalação pelo Instituto Butantan e prevista para início no segundo semestre, não recebeu um centavo do governo federal. "Se não fosse o Butantan, não teríamos ainda vacina contra a covid-19 no Brasil", afirmou Doria. "Fomos o 64º país a iniciar imunização, mas poderíamos ter sido um dos primeiros se não fosse o negacionismo", completou.
No momento, o instituto aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que seja feita a liberação de 4,8 milhões de doses do imunizante, já em solo brasileiro, em adição aos 6 milhões já liberados. Segundo afirmou Covas, a Anvisa solicitou mais esclarecimentos para análise deste novo pedido de uso emergencial.
"Esperamos que a liberação de pedido saia logo para continuarmos com cronograma", afirmou Covas durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
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