Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, foi condenado pela 12ª vez. Agora, acumula penas que correspondem a 267 anos e dez meses de prisão.
O juiz Marcelo Bretas impôs uma nova pena de 33 anos, três meses e três dias na ação penal em que é acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por meio dos doleiros Renato e Marcelo Chebar em contas no exterior.
A condenação se refere a processo no qual o ex-governador foi interrogado antes de decidir confessar os crimes que lhe são atribuídos. A nova estratégia foi adotada no início deste ano.
Neste processo, Cabral foi interrogado em junho de 2018. Na ocasião, ele reconheceu "promiscuidade" com empresários na arrecadação para campanhas, disse ter adotado práticas "desonestas" e assumiu ter tido "soberba" na carreira política ao eleger aliados para diferentes cargos.
Ainda assim, havia mudado pouco a linha de defesa até então adotada, quando afirmava que nunca pedira propina, mas se apropriara de sobra de caixa dois de campanha. "Foi nessa promiscuidade [com empresários] que eu me perdi, que eu usei dinheiro de campanha para fins pessoais. [...] Eu não soube me conter diante de tanto poder e tanta força política", declarou o ex-governador.
Cabral admitiu neste interrogatório que arrecadara cerca de R$ 500 milhões para campanhas próprias e de aliados, tendo usado cerca de R$ 20 milhões para fins pessoais.
Bretas, na sentença, considerou como "fantasiosa e inverídica a tese de que os valores recebidos se tratavam doações para fins eleitorais, não amparada em nenhum elemento de prova".
Desde o início do ano, contudo, a versão de Cabral mudou. Ele passou a reconhecer que pedia propina aos empresários, bem como o papel dos doleiros na ocultação desses bens no exterior. Este posicionamento, no entanto, não foi considerado nesta sentença.
A defesa do ex-governador disse que vai recorrer "por entender que Sérgio Cabral já foi condenado por fatos idênticos e discordar da pena aplicada".
"Nesse caso, ele não foi reinterrogado e o juiz levou em consideração um depoimento antigo. De qualquer forma, a postura de auxiliar as autoridades será mantida", disse o advogado Márcio Delambert.
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