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Câmara retoma discussão para permitir prisão após condenação em 2ª instância

Câmara retoma discussão para permitir prisão após condenação em 2ª instância

Uma comissão especial da Câmara foi instalada em dezembro do ano passado para debater a proposta, mas os trabalhos foram paralisados devido à pandemia de Covid-19. Agora foram retomados

Publicado em 15 de abril de 2021 às 15:02- Atualizado há 4 anos

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Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília
Pelo texto que tramita na comissão da Câmara, a emenda constitucional só valerá para processos iniciados após a promulgação da PEC. (Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados)

Câmara dos Deputados reinstalou nesta quinta-feira (15) a comissão especial que analisa a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que trata do cumprimento da pena após condenação em segunda instância.

A reinstalação serviu também para eleger novo presidente. O comando do colegiado passará do atual vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), para o deputado Aliel Machado (PSB-PR), que era vice de Ramos no colegiado.

A comissão especial da Câmara foi instalada em dezembro do ano passado para debater o mérito da proposta, que muda a Constituição Federal para acelerar o trânsito em julgado – quando se esgota a possibilidade de recurso.

No entanto, os trabalhos do colegiado foram interrompidos por causa da pandemia do novo coronavírus.

O texto original, do deputado Alex Manente (Cidadania-SP), previa alterações em dois artigos, o 102 e o 105, que tratam das competências do STF (Supremo Tribunal Federal) e do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Nas duas cortes, não é possível reexaminar as provas -não cabe aos ministros decidirem se um réu cometeu ou não um crime. Ambas avaliam se a decisão que está sendo questionada violou uma lei federal (no caso do STJ) ou a Constituição (no caso do STF).

O relator do texto, deputado Fábio Trad (PSD-MS), acrescentou mudanças nos artigos 111, que trata do TST (Tribunal Superior do Trabalho), e 121, que dispõe sobre TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Pelo texto do relator, a emenda constitucional só valerá para processos iniciados após a promulgação da PEC, mesmo que o fato gerador da ação tenha ocorrido antes.

A ideia da PEC surgiu em novembro de 2019, logo após o STF ter decidido que um condenado só começa a cumprir pena após o trânsito em julgado do processo, em medida que, na época, beneficiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi solto em novembro de 2019 após 580 dias preso na sede da Polícia Federal em Curitiba. O petista foi beneficiado pela decisão do Supremo que vetou a prisão após condenação em segunda instância. Ele cumpria pena pelo caso do tríplex de Guarujá (SP).

Em março deste ano, o ministro Edson Fachin (STF) anulou as condenações de Lula relacionadas à operação Lava Jato. A partir desta quinta, o Supremo vai julgar a decisão.

Lula também foi condenado em segunda instância em outro processo, o do sítio de Atibaia (SP). Sua pena, inicialmente fixada em 12 anos e 13 meses de prisão, foi aumentada para 17 anos e 1 mês, mas ele aguardará o fim dos recursos em liberdade. No cenário atual, Lula voltaria para a prisão apenas se, ao fim de todos os recursos, sua condenação for mantida.

A PEC também prevê que autoridades com prerrogativa de função – caso de prefeitos com foro privilegiado – que estejam sendo julgados pelo TJ (Tribunal de Justiça) tenham direito a recurso ordinário, em caso de condenação. Ou seja, poderiam recorrer da punição.

Outra mudança que a PEC traz é a possibilidade de o STJ aprovar súmulas vinculantes – quando o tribunal tem um entendimento que vincula os julgamentos nas instâncias inferiores. Hoje, só o STF pode editar essas súmulas, esclarece o relator.

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