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Câncer de pênis causa mais de 510 amputações por ano no Brasil

Câncer de pênis causa mais de 510 amputações por ano no Brasil

Foram 7.186 procedimentos em 14 anos. Para recuperar autoestima, pacientes recorrem à reconstrução peniana

Publicado em 10 de fevereiro de 2022 às 16:02

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Câncer de próstata: novembro azul chama a atenção para doença nos homens
Tumor maligno peniano pode ser prevenido com cuidados de higiene e investigação constante dos sinais de alerta. (Shutterstock)

Todo ano, em média, 510 homens têm o pênis amputado por causa de câncer no órgão. A doença, nos últimos 14 anos, levou 7.186 pessoas a removerem o membro. Na maioria das vezes, a parte que sobra da amputação permite ao paciente urinar de pé, mas dificulta a penetração, o que gera vários problemas psicológicos e emocionais. 

Na Bahia, o urologista Ubirajara Barroso tem feito cirurgias de reconstrução de pênis que podem trazer de volta a autoestima desses homens. Até agora foram quatro operações envolvendo diferentes casos: um paciente perdeu o órgão após o ataque de um cachorro; outro por automutilação; um terceiro tinha micropênis; e o último precisou amputar o membro por causa do câncer no local.

O médico explica que quase metade do pênis fica dentro do corpo, e uma porção significativa está presa ao osso da bacia. A técnica utilizada por ele retira os dois corpos cavernosos, que vão para cada lado da bacia, deixando o membro sustentado por veias, artérias e o nervo, que vai ser importante para o estímulo erétil.

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Todo esse feixe, tanto nervoso como vascular, é preservado, e o pênis ganha mobilidade. A partir daí, nós fazemos técnicas de cirurgia plástica para recobri-lo por pele, porque a pele também é amputada.

Ubirajara Barroso
Urologista
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A cirurgia dura cerca de sete horas e demanda bastante atenção, já que uma lesão nos feixes vascular e nervoso pode levar à perda do órgão. Após a operação, o paciente está liberado para qualquer atividade em um mês e, em três, para relações sexuais.

A técnica, diz Barroso, foi bem recebida pela comunidade médica nacional, e o objetivo, agora, é apresentá-la em congressos fora do país, assim como publicar em revistas da área.

A cirurgia fez com que alguns órgãos dobrassem de tamanho, ou até triplicassem. O urologista cita o caso do pênis de um homem, completamente amputado, que ficou com 8 cm após a reconstrução -o membro consegue penetrar a partir de 7 cm.

Barroso ressalta que o procedimento não indicado para qualquer pessoa que queira aumentar o pênis. Ele lembra que a cirurgia é arriscada e destinada apenas a quem tem micropênis ou o órgão amputado.

A fila na Bahia de pacientes à espera de reconstrução peniana, de amputados por causa de câncer no órgão, tem mais de 300 cadastrados -a meta do médico é fazer ao menos uma cirurgia por mês.

Os números de amputações diminuíram nos dois últimos anos, possivelmente em decorrência da pandemia da Covid-19. Muitas pessoas deixaram de procurar médicos com medo de contaminação, assim como muitos centros hospitalares voltaram esforços para a crise sanitária.

COMO EVITAR O CÂNCER DE PÊNIS

A higiene no local é o conselho número um dos especialistas para prevenir o câncer no pênis. E não são necessários grandes investimentos, já que água e sabão resolvem a questão. A orientação é, durante o banho, puxar a pele até que a cabeça do órgão fique à mostra, limpar com a dupla água e sabonete, enxaguar bem, enxugar e colocar novamente o prepúcio no lugar.

É preciso ficar atento na hora de secar o pênis, tanto na sequência do banho quanto após urinar e ejacular, para que o local não fique úmido por muito tempo. Se o órgão já não fica num ambiente arejado normalmente, imagina a parte encoberta por uma pele?

Médicos também recomendam manter em dia a vacinação contra HPV (Papilomavírus humano), disponibilizada no SUS para garotos de 11 a 14 anos e garotas de 9 a 14 anos, e usar preservativos durante relações sexuais.

Também é necessário ficar de olho naquela pele que fica em volta da cabeça do pênis, a fimose. O sinal de alerta precisa ser aceso quando o homem não consegue puxar a pele que encobre a glande, o que não a deixa ficar exposta, ou quando tem a sensação de que o órgão está sendo esmagado.

O Brasil tem, anualmente, uma média de 400 mortes por câncer de pênis e cerca de 500 novos diagnósticos.

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