Antes de entrar para a sala de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (17), Amanda Reis, 17, comeu um chocolate e se preparava para passar as próximas cinco horas sem comer mais nada.
Com medo de se infectar, a estudante decidiu não se alimentar para não tirar a máscara. "Não sei como a sala vai estar, se vai estar cheia ou não. Acho melhor evitar o risco", disse a jovem que quer uma vaga em Direito.
Apesar de o Inep, órgão responsável pela prova, ter anunciado que adotou medidas de segurança para evitar aglomerações, em frente à Unip Paraíso, na zona sul de São Paulo, os candidatos se concentraram por mais de uma hora.
Ambulantes, pais de alunos e professores de cursinho se misturavam aos candidatos, formando uma aglomeração. Nenhum funcionário da organização da prova deu orientações ou pediu para que as pessoas não ficassem reunidas e paradas em frente aos portões.
Uma candidata entrou na sala de prova, mas desistiu ao constatar que o local tinha mais de 30 inscritos e poucas janelas. Os pais, que a esperavam do lado de fora, disseram ter acertado com a filha que ela não faria o exame se não se sentisse segura. A família não quis ser identificada.
Usando duas máscaras, Rafaela Mendes, 17 anos, também disse que entraria na sala, mas cogitava sair do local se estivesse muito cheio. "Estudei muito pouco esse ano porque o ensino remoto é muito difícil. Tenho pouca chance de passar, por isso, não vale arriscar."
Igor Borges, 17 anos, mora com a avó de 68 anos. Ele não queria fazer a prova por medo de infectá-la, mas foi ao Enem por incentivo da própria avó. "Ela disse que eu mereço a chance de entrar em uma faculdade, disse que eu devia tentar. Estou com medo, mas vim porque ela pediu."
Ele terminou o ensino médio no ano passado, mas conta que não conseguiu acompanhar as aulas remotas porque teve de começar a trabalhar no segundo semestre, quando a família teve a renda reduzida. "Precisava ajudar em casa e fui trabalhar em um pet shop. Quase não estudei porque não sobrava tempo", disse.
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