Um dia após o Facebook derrubar perfis falsos ligados a um dos seus aliados no chamado "gabinete do ódio" do Palácio do Planalto, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) anunciou nesta quinta-feira (9) que poderá viver o que chamou de "novo movimento pessoal".
"Totalmente ciente das consequências e variações. Aos poucos vou me retirando do que sempre explicitamente defendi. Creio que possa ter chegado o momento de um novo movimento pessoal. Estou cagando pra esse lixo de fakenews [sic] e demais narrativas. Precisamos viver e nos respeitar", disse em uma rede social nesta quinta-feira (9).
"Ninguém é insubstituível e jamais seria pedante de me colocar nesse patamar! Todos queremos o melhor para o Brasil e que ele vença! Apenas uma escolha pessoal pois todos somos seres humanos! Seguimos! E surpresas virão! Não comemorem, escória!", completou o filho do presidente.
Nesta quarta-feira (8), levantamento do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council em parceria com o Facebook apontou ligação direta de Tércio Arnaud Tomaz, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, com um esquema de contas falsas nas redes sociais.
Tércio é apontado como responsável por parte dos ataques a opositores de Bolsonaro, como ao ex-ministro Sergio Moro na sua saída do governo e a integrantes de outros Poderes, e por difundir desinformação em temas como a Covid-19.
O assessor trabalhou no gabinete de Carlos Bolsonaro e hoje ocupa o cargo de assessor especial da Presidência da República. É apontado como o líder do chamado "gabinete do ódio", estrutura do Palácio do Planalto que seria usada para mensagens de difamação.
A existência desse gabinete foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 19 de setembro do ano passado. O jornal mostrou que o bunker ideológico está instalado numa sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos passos do gabinete presidencial.
A conta no Instagram @bolsonaronewsss, que é anônima, foi registrada por Tércio, segundo os pesquisadores, que tiveram acesso aos dados do Facebook na parceria com a plataforma.
O Facebook também afirmou nesta quarta-feira que removeu uma rede com 73 contas ligadas a integrantes do gabinete de Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados. Parte delas promovia propagação de ódio e ataques políticos.
Foram removidas 35 contas do Facebook e 38 do Instagram que, segundo a empresa, atuaram para manipular o uso da plataforma antes e durante o mandato de Bolsonaro -incluindo a criação de pessoas fictícias que se passavam por repórteres.
Os pesquisadores americanos encontraram, também, ligações da rede com um assessor de Carlos. O Facebook não mencionou o vereador em seu comunicado oficial, mas os pesquisadores descobriram que um dos funcionários envolvidos na operação trabalhava para ele.
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