> >
Caso Suzane von Richthofen volta aos holofotes após filmes; relembre o crime

Caso Suzane von Richthofen volta aos holofotes após filmes; relembre o crime

Lançados na última semana, os filmes  "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais" trazem duas versões sobre o homicídio de Manfred e Marísia von Richthofen por sua filha e os irmãos Cravinhos

Publicado em 26 de setembro de 2021 às 13:42

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Suzane von Richthofen
Suzane von Richthofen. (André Vieira/Reprodução/Instagram @suzane_von_rochthofen_br)

Um caso que parou o país e até hoje permanece no imaginário dos brasileiros como um dos mais chocantes da história. Após 19 anos, o assassinato de de Manfred e Marísia von Richthofen, em 2002, voltou ao debate depois de ter ganhado no último fim de semana dois filmes que trazem duas versões sobre o crime.

Em "O Menino que Matou Meus Pais", é apresentada a versão de Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais. Já "A Menina que Matou os Pais" traz a versão de Daniel Cravinhos, também condenado a 39 anos pelo assassinato dos pais da namorada. 

Os filmes criam uma situação de "ele disse, ela disse". O ponto de partida de ambos é o começo da relação do casal, assim como o desfecho, com a cena do crime, também é igual. Mas o que interessa aos realizadores é justamente como o casal acuado diante da Justiça oferece visões radicalmente diferentes do seu relacionamento.

Se os dois longas concluem inevitavelmente com o crime violento, seu desenvolvimento se dá muito mais na descrição de dois romances destrutivos marcados pela manipulação. Logo, "A Menina que Matou os Pais" é um filme sobre como Suzane, vivida por Carla Diaz, aos poucos envolve Daniel, interpretado por Leonardo Bittencourt, numa narrativa de monstruosidade dos pais, que faça com que ele resolva "salvá-la".

Já "O Menino que Matou Meus Pais", se concentra em mostrar Daniel como um alpinista social que seduz Suzane e que, diante das dificuldades criadas pelos pais dela, resolve eliminá-los. A ambição e jeito malicioso do rapaz são colados em primeiro plano com múltiplas sequências de chantagem emocional.

Filmes
Cena dos filmes "O Menino que Matou Meus Pais" e "A Menina que Matou os Pais". (Stella Carvalho/Divulgação)

Ambos os filmes remontam o homicídio, de 2002, e o julgamento do caso, ocorrido em 2006, quatro anos depois do crime, episódio que novamente parou o país.

O Júri Popular durou mais de 65 horas e terminou com a condenação, além do casal de namorados, do irmão de Daniel, Cristian Cravinhos, que foi condenado a 38 anos de prisão.

A HISTÓRIA DE UM CRIME BRUTAL

Segundo a versão da polícia e da acusação, Manfred e Marísia von Richthofen foram assassinados no dia 31 de outubro de 2002, quando dormiam em sua casa, no bairro do Brooklin, Zona Sul da capital paulista.

Suzane, seu namorado na época, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian Cravinhos, entraram na casa em silêncio. Os irmãos subiram as escadas com Suzane, que os avisou que os pais dormiam.

Então, os irmãos desferiram golpes de barra de ferro contra Manfred e Marísia. Após matarem o casal, os dois cobriram os corpos com uma toalha molhada e sacos plásticos.

Cristian Cravinhos e seu irmão Daniel Cravinhos e Suzane Von Richthofen são apresentados pela polícia como acusados do assassinato do casal Manfred e Marisia Von Richthofen, em 31 de outubro de 2002
Cristian Cravinhos e seu irmão Daniel Cravinhos e Suzane Von Richthofen são apresentados pela polícia como acusados do assassinato do casal Manfred e Marisia Von Richthofen, em 31 de outubro de 2002. (Agliberto Lima/Estadão Conteúdo - 08\11\2002)

Suzane ficou na biblioteca durante a execução. Ela ajudou a recolher as barras ensanguentadas e mostrou sangue frio ao espalhar documentos pelo quarto para simular um assalto

A biblioteca também foi desarrumada. Uma mala do pai foi arrombada e foram levados cerca de US$ 5 mil, R$ 8 mil  e joias do casal. O dinheiro ficou com Cristian, que acabou usando uma parte do montante para comprar uma moto.

Ao deixarem o local do crime, Daniel e Suzane seguiram para um motel em São Paulo, enquanto Cristian foi a um hospital para visitar um amigo na tentativa de forjar um álibi para a noite do crime.

Depois de algum tempo, Daniel e Suzane foram ao encontro de Andreas von Richthofen, irmão da jovem, que havia sido deixado por Daniel em um cibercafé. Ao chegarem em casa, Suzane se mostrou surpresa com o acontecido e ligou para a polícia informando do crime.

No decorrer das investigações, a delegada responsável pelo inquérito, Cíntia Tucunduva, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), suspeitou do comportamento de Suzane e Daniel, que protagonizavam cenas de amor mesmo diante da tragédia, de acordo com a delegada.

Outro motivo de suspeita foi a arma deixada na cama do casal, o que afastou a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Além disso, os pais de Suzane foram mortos a marretadas, e não a tiros.

Mas a principal pista veio após a polícia descobrir que o cunhado de Suzane comprou uma moto pouco após o crime e pagou com dinheiro vivo usando dólares. Foi a partir dessa descoberta que os irmãos Cravinhos e Suzane entraram no radar da polícia.

A família aristocrata, de classe média alta, não aprovava o relacionamento de Suzane com Daniel, que era de família pobre. Segundo a polícia, essa desaprovação foi o motivo do crime, considerado torpe pelo júri.

Suzane von Richthofen foi condenada a prisão pela morte dos pais, em 2002
Suzane von Richthofen foi condenada a prisão pela morte dos pais, em 2002. (Arquivo)

No dia 8 de novembro de 2002, Suzane e os irmãos Cravinhos confessaram, em interrogatório à delegada, o assassinato do casal Richthofen.

Em 2006, após 65 horas de julgamento, Suzane von Richthofen e os irmãos Cravinhos foram condenados por homicídio triplamente qualificado e fraude processual, por terem simulado um assalto para enganar a polícia.

Daniel e Suzane foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão e Christian a 38 anos e seis meses.

EM ENTREVISTA EM 2015, SUZANE ASSUMIU TER PLANEJADO MORTE DOS PAIS

Em 2015, em entrevista concedida de dentro da penitenciária ao apresentador Gugu Liberato, Suzane chegou a confessar que participou do planejamento da morte dos pais, mas disse que não foi a única mentora.

"Muita gente me pergunta se a ideia foi minha. Todos dizem que eu sou a mentora, a cabeça de tudo. Não é verdade. Uma cabeça só não pensa em tudo. É uma junção de tudo, concorrência de ideias. Eu fiz parte, mas os três bolaram aquilo. Eu acho que o Cristian sabia menos da situação, mas, infelizmente, tanto o Daniel quanto eu temos culpa nessa parte", declarou ela na entrevista.

Aspas de citação

Se eu não tivesse conhecido os Cravinhos, minha vida seria muito diferente. Mas não culpo apenas eles; onde um não quer, dois não fazem

Suzane von Richthofen
Assassina confessa dos pais
Aspas de citação

Na ocasião, Suzane também falou sobre a saudade do irmão, Andreas von Richthofen, que diz não ver desde 2006, quando foi condenada. Ele era adolescente na época do crime.

"Eu sei que meu irmão sofreu muito, mas como ele passou estes anos, eu não sei. Se eu sofri aqui dentro, imagino ele lá fora. Quando ele diz o sobrenome, qualquer um reconhece, e ele terá que carregar isto pra sempre", afirmou Suzane, que completou: "Queria que ele pudesse me perdoar".

SUZANE ATUALMENTE

Hoje com 37 anos, Suzane Von Richthofen cumpre regime semiaberto na Penitenciária Feminina de Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.

Recentemente ela foi autorizada pela Justiça a cursar faculdade usando da nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para conseguir acesso ao ensino superior.

Conforme o pedido feito pela defesa, Suzane vai cursar Farmácia em uma universidade particular de Taubaté, na mesma região.

O IRMÃO DE SUZANE 

Único herdeiro da família após decisão da Justiça em 2015, Andreas von Richthofen ficou sob a tutela de um tio. Aluno brilhante, tornou-se doutor em Química. Ele porém nunca superou a tragédia familiar.

Na única vez em que falou publicamente desde a morte dos pais, entregou uma carta a um repórter da Rádio Estadão. Sobre o crime, disse apenas que compartilhava a raiva e a indignação contra os “três assassinos”.

No dia 30 de maio de 2017, Andreas, aos 29 anos, foi detido sob efeito de drogas em Chácara Flora, em Santo Amaro, em São Paulo, ao tentar pular o muro de uma casa.

Pouco depois Andreas foi internado na Casa de Saúde São João de Deus, para se desintoxicar e fazer tratamento psiquiátrico.

Este vídeo pode te interessar

* Com informações de O Globo e das agências Estado e Folhapress

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais