> >
Censo tem demora na coleta; IBGE promete bônus de produtividade a recenseadores

Censo tem demora na coleta; IBGE promete bônus de produtividade a recenseadores

Prevista para terminar em 31 de outubro, o total recenseado é de 92.130 milhões de brasileiros, menos da metade da população do país, estimada em 215,138 milhões

Publicado em 23 de setembro de 2022 às 18:20

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura

Recenseadores contratados temporariamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a coleta do Censo Demográfico 2022 têm recebido promessas de pagamentos de bônus de produtividade, o que faria parte de um esforço do instituto para tentar reduzir a morosidade no levantamento de informações em campo. 

Nesta sexta-feira (23), a coleta do Censo completa 54 dias, tendo recenseado 92.130 milhões de brasileiros. Embora tenham se passado quase dois terços do período de coleta, prevista para terminar em 31 de outubro, o total recenseado representa menos da metade da população do país, estimada em 215,138 milhões de pessoas.

IBGE faz primeiro teste preparatório do Censo Demográfico 2022, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro
Coleta de dados para o Censo sofre atraso. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Na edição anterior do Censo, em 2010, a coleta já tinha alcançado 80% da população nos primeiros 58 dias de trabalho em campo, com 154,2 milhões de habitantes recenseados num universo populacional menor à época, quando havia 190,733 milhões de brasileiros.

Para igualar a marca da coleta de 2010, o Censo de 2022 precisaria quase dobrar o total recenseado até agora em apenas quatro dias. Apesar do atraso, o IBGE informa que ainda não há perspectiva de prorrogar o prazo de coleta em campo.

"Assim como não faz projeções de dados ou indicadores, o IBGE não especula sobre prazos", respondeu o órgão ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Questionado pela reportagem, o IBGE negou que esteja oferecendo bônus de produtividade, embora alguns avisos enviados aos recenseadores usem este termo.

PAGAMENTO ADICIONAL DE ATÉ R$ 500 

Em um setor censitário, o aviso sobre o bônus de produtividade distribuído aos recenseadores previa um pagamento adicional de até R$ 500 para o trabalhador que alcançasse uma média de 30 questionários preenchidos diariamente em um período de até cinco dias.

Outro alerta que circulava entre os temporários dizia que o instituto pagaria um bônus de até R$ 300 aos profissionais que conseguissem superar a marca de 126 questionários preenchidos durante a semana de incentivo. Para quem entregasse 70 questionários, o prêmio era um bônus de 100. As metas alcançadas também renderiam um "upgrade" na faixa de valor paga por questionário dentro da tabela de remuneração.

A remuneração do recenseador varia de acordo com o tipo de questionário aplicado, se básico ou amostral, tipo do setor, se urbano ou rural, e características urbanísticas observadas pelo gestor local, que determinam as faixas de remuneração.

"É pela dinâmica da coleta de campo que os gestores locais, respeitando o limite orçamentário, podem ajustar os valores pagos para refletir desafios e metas de produção", informou o IBGE.

Sobre as discussões internas para tentar aumentar as remunerações dos recenseadores, o IBGE respondeu que "o orçamento do Censo Demográfico é o mesmo, não prevendo até o momento possibilidade de acréscimo no volume destinado à remuneração dos recenseadores".

"Apesar disso, estamos fazendo esforços para que recenseadores que enfrentam mais dificuldade tenham remuneração mais adequada aos desafios que encontram em campo", completou o IBGE.

DEMORA EM MATO GROSSO E RORAIMA 

Em todo o país, apenas 24,5% dos 452.246 setores censitários tinham sido concluídos até esta sexta-feira (23). Outros 37,6% sequer tinham sido iniciados. Os demais 37,8% restantes tinham a coleta ainda em andamento.

A situação era mais grave dependendo do município ou Estado. Em Mato Grosso, apenas 12,1% dos setores censitários estavam concluídos, contra uma fatia de 61,2% ainda nem iniciados. Roraima tinha somente 13,3% dos setores concluídos, ante uma fatia de 49,1% de não iniciados. No Acre, apenas 14,4% dos setores estavam concluídos, e 41,6% permaneciam não começados. São Paulo tinha apenas 20,2% dos setores concluídos e 45,8% nem iniciados.

O instituto tem encontrado dificuldades para preencher todas as vagas de recenseadores necessárias para finalizar o trabalho em campo, além de lidar com milhares de desistências de pessoal já treinado e insatisfeito com o cronograma de pagamentos e as dificuldades encontradas nas ruas.

Segundo o órgão estatístico, já foram realizados cinco processos seletivos. O mais recente, encerrado na sexta-feira passada (16), tinha como objetivo preencher 7.795 vagas em diferentes Estados, incluindo São Paulo.

Os recenseadores que chegaram a ser contratados pelo IBGE enfrentaram atraso nos pagamentos, e chegaram a fazer uma paralisação no início deste mês, para reivindicar a regularização de salários atrasados e melhores condições de trabalho, entre outras pautas.

A convocação, que ganhou corpo nas redes sociais, teve adesão de trabalhadores temporários lotados em diferentes regiões do País.

O IBGE informou que o trabalho de coleta não foi prejudicado pela greve, mas reconheceu que houve atraso no pagamento de auxílios prometidos aos trabalhadores temporários, especialmente os referentes ao tempo de treinamento, e anunciou mudanças no procedimento de remuneração, para liberar pagamentos parciais a recenseadores que alcançarem uma cobertura mínima de coleta em setores censitários.

O Censo Demográfico foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período. Os recenseadores começaram a visitar todos os cerca de 75 milhões de lares brasileiros no último dia 1º de agosto.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais