Um grande chuveiro na Praia de Canasvieiras, em Florianópolis, tem gerado polêmica e troca de farpas nas redes sociais. O motivo é o design, logomarca e patrocinador: o equipamento foi montado pela Havan, do empresário Luciano Hang, e é uma réplica da arquitetura adotada pela loja.
Instalado em 20 de dezembro, o chuveiro ficará disponível por 30 dias. De acordo com a empresa, estão sendo feitos pedidos para instalações semelhantes em outras praias brasileiras, e a Havan estuda como atender essa demanda.
O equipamento, segundo o vereador de Florianópolis Afrânio Boppré (PSOL), coloca os usuários em risco, já que a fiação elétrica ficou aparente após o chuveiro ser parcialmente alagado devido a fortes chuvas na última quinta-feira (30).
"Na prática coloca em risco os usuários, inclusive muitas crianças. Já protocolei denúncia na ouvidoria da Celesc [Centrais Elétricas de Santa Catarina] e estou aguardando providências que sejam urgentes. Improvisação, água salgada, pessoas molhadas e descalças, fios expostos são a receita da tragédia", disse o político em suas redes sociais.
A Celesc, por meio de nota, afirmou que técnicos da empresa irão verificar as instalações e, se for encontrado algum problema, serão tomadas as medidas cabíveis.
De acordo com a Havan, um temporal de verão gerou o problema, que foi solucionado no mesmo dia. "Reiteramos que a instalação do equipamento tem todas autorizações dos órgãos competentes e está totalmente dentro da legalidade", diz a empresa em nota.
Desde sua instalação, o chuveiro foi motivo de debate entre o vereador do PSOL e o empresário bolsonarista. Após Boppré chamar o equipamento de cafona, Hang gravou um vídeo se banhando no local e disse que as pessoas estão adorando. "Não fecho os olhos para coisas erradas, principalmente quando falta bom senso e lógica."
Para o vereador, a estrutura é "propaganda escancarada e ilegal, na areia da praia, da rede de lojas do pré-candidato ao Senado, Luciano Hang". Boppré, inclusive, afirmou que iria apurar se houve irregularidades na instalação.
Segundo a Havan, o equipamento é uma parceria com a Voe, empresa que tem o direito de exploração de marcas na orla da capital de Santa Catarina.
Em resposta a críticas nas redes sociais, o prefeito Gean Loureiro (DEM) afirmou que houve uma licitação para que empresas ofereçam chuveiro em troca de publicidade e lembrou que são mais de cem duchas na cidade, que precisam de manutenção.
"Não estou defendendo o modelo de chuveiro. Particularmente também achei exagerado. Mas não sou o dono da cidade. Tem regras, tem leis", comentou.
O chuveiro também foi alvo de pichações, na véspera do Natal, e Hang compartilhou um meme acusando a esquerda. "O chuveirão da Havan é gratuito para toda a população, mas se não agrada a eles, o resto que se dane. Já providenciamos a pintura e vamos deixar tudo em ordem, do jeito que eles não suportam."
Polêmica envolvendo Bolsonaro Recentemente, uma unidade da Havan esteve envolvida em outra polêmica. Num discurso a empresários, em 15 de dezembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter demitido diretores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, principal órgão de preservação dos bens culturais do país, depois que a instituição teria interditado uma obra de seu amigo e aliado.
A loja da Havan, na cidade de Rio Grande (RS), já tinha sido citada por Bolsonaro em abril de 2020, quando ele ironizou que, para preservar um "cocô petrificado de índio", o Iphan teria travado obras de Hang.
De acordo com uma nota publicada em 2019 no site do Iphan, contudo, o órgão não embargou o empreendimento, uma vez que o Iphan delega ao empreendedor, ou seja, à Havan, a responsabilidade por parar a obra em caso de descobertas arqueológicas.
A empresa também se comprometeu a contratar um arqueólogo. Ainda segundo a nota, a própria Havan interrompeu a construção temporariamente e retomou em seguida, inaugurando a unidade gaúcha em julho de 2021.
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