A cidade de São Paulo vai usar somente vacina da Pfizer contra a Covid-19 para terceira dose em idosos com 90 anos ou mais a partir de 15 de setembro. A imunização começa nesta segunda-feira (6) e, segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, por enquanto os postos abrem com o imunizante contra a Covid-19 que estiver disponível na hora.
"Quando [o Ministério da Saúde] mandar o lote deles, em 15 de setembro, daí a gente só vai usar a Pfizer", afirmou em entrevista ao Agora.
O titular da pasta da saúde da gestão Ricardo Nunes (MDB) admite que as pessoas podem esperar a chegada do lote da Pfizer. "Paciência, mas não tem problema, pois é pouca gente [a partir de 90 anos]", afirmou Aparecido.
O início da vacinação da terceira dose em idosos, para 6 de setembro, foi anunciado na semana passada pelo governador João Doria (PSDB), no mesmo dia em que o ministro Marcelo Queiroga disse que o calendário nacional começaria em 15 de setembro.
Aparecido criticou a disputa política entre governos. "Pela primeira vez houve uma orientação do ministério, sempre foi aquele vazio", afirmou. "Aí fica essa briga, só atrapalha", disse.
Segundo o Ministério da Saúde, apenas vacinas da Pfizer e da AstraZeneca serão usadas neste reforço. Ele excluiu a chinesa Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, do governo estadual.
Na última quarta-feira, ao detalhar o calendário, integrantes do governo estadual defenderam o uso da Coronavac como terceira dose, na contramão do posicionamento do governo federal.
Tanto Doria quanto o Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, criticaram o que chamaram de "descredenciamento" da Coronovac para pessoas acima de 60 anos.
A exclusão da Coronavac faz parte de uma nota técnica emitida pelo governo federal. Em seu parecer, o Ministério da Saúde afirma que a Coronavac pode produzir maior resposta imune quando combinada com uma terceira dose baseada em outra tecnologia. E recomenda que a dose de reforço seja preferencialmente da Pfizer, que utiliza o princípio do RNA mensageiro, ou, de maneira alternativa, da Janssen ou Oxford/Astrazeneca, que usam um vetor viral.
"A redação da nota sobre a dose de reforço é política, não técnica", afirmou o coordenador-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, João Gabbardo, na última quarta (1º).
Na quinta-feira (2), as prefeituras de Santo André e São Bernardo do Campo, ambas no ABC, que anteciparam a vacinação de terceira dose para esta sexta (3) e sábado (4), respectivamente, afirmaram que não vão usar Coronavc, mas Pfizer e AstraZeneca, conforme a orientação do Ministério da Saúde.
A Secretaria Municipal da Saúde ainda não informou quantas pessoas fazem parte do grupo. Na primeira dose, no início de fevereiro, cerca de 32,8 mil idosos de 90 anos ou mais puderam ser vacinados na cidade, conforme números divulgados na época.
Aparecido disse que é preciso olhar para este reforço na vacinação contra a Covid-19, mas alertou que a cidade não pode descuidar de quem ainda não está imunizado com as duas primeiras doses.
"As crianças com mais de 12 anos começam na segunda -feira [6] e estamos com 56% da D2. Temos que correr para aplicar a segunda dose", defendeu. "Não é que vamos fazer uma coisa ou outra, mas a prioridade é imunizar a população que ainda não foi imunizada", afirmou.
Aparecido elogiou a vacinação na cidade, que ultrapassou de 100% do público estimado para primeira dose, mas alertou sobre cuidados para evitar a variante delta.
Na noite de quinta, a secretaria afirmou em nota que entre as amostras em que foi possível identificar a linhagem, 69,7% são da delta e 28,4%, da gama. Os sequenciamentos são realizados pelo Butantan. Atualmente a cidade conta com 800 casos confirmados.
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