BRASÍLIA - O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de combate à lavagem de dinheiro, apontou "movimentações atípicas" e "incompatíveis", além de "indícios de lavagem de dinheiro", nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, principal ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O relatório de inteligência financeira aponta "movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente", além de "transferências unilaterais que, pela habitualidade, valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade".
O Coaf identificou ainda a ocorrência de "operações que, por sua habitualidade, valor e forma, configuram artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais". O órgão também apontou "movimentações atípicas de recursos por agentes públicos".
A informação foi revelada pelo O Globo e confirmada pela Folha de S.Paulo. O relatório de inteligência financeira também destacou o envio de R$ 367.374,56 no dia 12 de janeiro para os Estados Unidos – onde Cid e Bolsonaro estavam desde o dia 30 de dezembro do ano passado.
"Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio, e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se", diz o documento.
O advogado de Cid, Bernardo Fenelon, afirmou em nota que "todas as movimentações financeiras do tenente-coronel Mauro Cid, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal."
A defesa disse, por fim, que não ia entrar "no mérito" da questão porque as "manifestações defensivas são apenas realizadas nos autos do processo".
Militar da ativa, Cid recebia salário mensal de R$ 21.319,53 em março de 2021. Em uma das contas bancárias, ele movimentou R$ 1,4 milhão em créditos e R$ 1,8 milhão em débitos entre 26 de julho do ano passado e 25 de janeiro deste ano.
Em maio, o militar foi preso preventivamente no âmbito da investigação em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro e do próprio ex-presidente. Ele está detido no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.
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