Em função das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o início da semana, uma barragem de uma usina de geração de energia se rompeu parcialmente no início da tarde desta quinta-feira (2). Trata-se da barragem 14 de Julho, localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, às margens do rio das Antas.
Como o nível do rio já estava elevado, os efeitos não devem ser de enxurrada, na avaliação do governo do estado.
Por volta das 15h, a Defesa Civil estadual divulgou um comunicado no qual diz que a barragem está "em processo de colapso".
O órgão também pede que os moradores de sete municípios procurem abrigos públicos ou outros locais seguros para permanecerem durante a elevação de nível do rio Taquari. São eles: Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado.
"As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança", diz o comunicado.
O governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), anunciou o rompimento de uma das ombreiras da barragem pouco antes das 14h30, logo após uma reunião de trabalho com o presidente Lula (PT), em Santa Maria (RS).
"Recebi a notícia do rompimento de parte da barragem 14 de Julho em Cotiporã. Como a jusante e a montante já estavam quase no mesmo nível, com uma diferença de alguns poucos metros, a informação dos especialistas dão conta de que o efeito será sentido mais no primeiro trecho", disse ele.
"Mas os efeitos, em princípio, não serão como uma enxurrada, porque o nível do rio já estava muito elevado", disse Leite. "Já tínhamos feito evacuação de pessoas em algumas localidades e ainda tentamos dar apoio aéreo."
Segundo o Governo do Rio Grande do Sul, a estrutura já estava submersa quando houve uma movimentação turbulenta da água, possivelmente pelo comprometimento da ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada. O rompimento é investigado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A barragem da usina 14 de Julho integra um complexo energético da Ceran (Companhia Energética Rio das Antas) na região nordeste do Rio Grande do Sul. Em nota, a Ceran diz que detectou o rompimento parcial às 13h40, mas que um plano de emergência já vigorava há um dia.
"O plano de ação de emergência foi colocado em prática no dia 1º de maio, às 13h50, em coordenação com as Defesas Civis da região, com acionamento de sirenes de evacuação da área, para que a população local pudesse ser retirada com antecedência e em segurança", afirma a empresa.
A Aneel e o ONS (Operador Nacional do Sistema) acompanham a situação de outras cinco barragens de geração de energia elétrica no estado: Capigui, em Passo Fundo; Guarita, em Erval Seco; Herval, em Santa Maria do Herval; Passo do Inferno, em São Francisco de Paula; e Monte Carlo, entre Bento Gonçalves e Veranópolis.
Por volta das 16h50, a Defesa Civil estadual emitiu um alerta à população das cidades de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha, para o risco de rompimento da represa de São Miguel, em Bento Gonçalves.
"As Defesas Civis locais e as forças de resposta, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros Militar já estão realizando a evacuação das pessoas que moram nas áreas que possivelmente podem ser afetadas em caso de rompimento, caso o cenário evolua negativamente", disse, a Defesa Civil gaúcha, em nota.
O governo do estado afirmou que a Sema (Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura) monitora as estruturas de outras 12 barragens de usos múltiplos que estão em estado de alerta, cinco delas já em processo de evacuação: barragem Santa Lúcia, em Putinga; barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul; barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.
O estado já registra ao menos 13 mortes em decorrência das chuvas, de acordo com a Defesa Civil. Há também 21 pessoas desaparecidas.
Ao todo, 147 municípios foram afetados. Há inundações e alagamentos, além de relatos de pessoas ilhadas em vários municípios. São ao menos 9.993 pessoas desalojadas e 4.599 em abrigos.
Estado de emergência
Estado de atenção
*Fonte: Aneel
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