Em uma espécie de balanço de final de ano, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (9) que sua equipe ministerial se comportou "muito bem" diante da pandemia do coronavírus, que levou à morte, até o momento, de 178 mil pessoas no país.
No almoço tradicional de confraternização das Forças Armadas, o presidente disse ainda que tentam "de todas as maneiras" desacreditar o seu governo, mas que a sua administração buscou "diminuir o sofrimento de nossos irmãos".
"O Brasil olha para nós. Tem um presidente e um vice-presidente que são militares. Buscam com lupa possíveis defeitos. Buscam de todas as maneiras até mesmo desacreditar. E passamos neste ano um momento dificílimo com a pandemia. Juntamente com os nossos colegas, ministros civis, nos comportamos muito bem. Não só na questão da economia, bem como na busca de diminuir o sofrimento de nossos irmãos", afirmou.
No início do evento, antes do almoço ser servido, a maior parte dos ministros presentes não usava máscara facial, recomendada pelas autoridades de saúde. O aparato de segurança também não era utilizado por alguns militares de alta patente.
Desde o início da pandemia, 14 integrantes da equipe ministerial foram diagnosticados com a doença, além do próprio presidente, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Nesta quarta-feira, 11 ex-ministros da Saúde, incluindo dois que fizeram parte do governo Bolsonaro (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) criticaram em artigo no jornal Folha de S. Paulo o que chamaram de desastrada e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a Covid-19.
Apesar de o presidente ter afirmado que o governo federal foi bem na área econômica, o mercado financeiro prevê uma queda da atividade comercial neste ano de cerca de 4%. No terceiro trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) teve alta de 7,7%, resultado inferior à previsão do mercado financeiro.
Em seu discurso, o presidente também voltou a dizer que, em dois anos de mandato, não houve "qualquer indício de corrupção em seu governo". "Eu espero que as nossas lições, os nossos exemplos, os dois anos sem qualquer indicio de corrupção realmente façam a diferença", afirmou.
Desde o início de seu governo, Bolsonaro tem repetido que não há irregularidades em seu mandato, apesar de haver investigações contra aliados e seu próprios familiares. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), por exemplo, é suspeito de abrigar em seu gabinete como deputado estadual um esquema da chamada "rachadinha".
O inquérito conduzido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar a propagação de fake news identificou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) como um dos articuladores do esquema criminoso, como revelou o jornal Folha de S. Paulo.
No ano passado, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais sob acusação de envolvimento no esquema de candidaturas de laranjas do PSL, caso revelado pelo mesmo jornal.
Em outubro, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), então vice-líder do governo no Senado, foi flagrado pela Polícia Federal com dinheiro escondido na cueca durante operação que apurava desvios em verbas de combate ao coronavírus.
Mais cedo, em solenidade no Palácio do Planalto, Bolsonaro participou do lançamento do Plano Anticorrupção, um conjunto de mecanismos de prevenção e normas legais para ser implementado até 2025. A iniciativa é divida em temas, como antilavagem de dinheiro, prevenção ao conflito de interesses e ética pública.
A implementação das medidas será coordenada por um comitê de governo, capitaneado pela CGU (Controladoria-Geral da União) e com as participações da Justiça, Economia, Banco Central, GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e AGU (Advocacia-Geral da União).
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