A escalada dos casos graves do novo coronavírus fez crescer a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em 16 Estados brasileiros. Com isso, já chega a nove o número de Estados com mais 80% dos leitos para o tratamento da Covid-19.
O Estado de Minas Gerais assumiu a ponta entre as unidades da federação com maior taxa de ocupação dos leitos. Roraima, Mato Grosso e Rio Grande do Norte aparecem na sequência, também em rota de crescimento do número de casos graves da doença.
Em Minas, com avanço dos casos confirmados no interior e na capital, a taxa de ocupação total de UTIs em Minas Gerais atingiu 90,6% na segunda-feira (22) e deixou o Estado próximo ao colapso. Sem separar leitos para Covid-19, a Secretaria Estadual de Saúde informa que 16% das internações de pacientes graves são relacionadas à doença.??
Há um mês, a ocupação total de leitos de UTI no Estado era de 69%. Com a flexibilização da economia em várias regiões, incluindo Belo Horizonte, os números saltaram e tiraram o Estado da zona de tranquilidade que tinha, em comparação ao cenário nacional.
Uma previsão do Ministério Público de Minas Gerais, com base em análises e estudos, incluindo uma nota técnica elaborada pela UFMG, estimava na semana passada que o Estado chegaria ao esgotamento dos leitos nesta quinta (25). A data foi adiada graças à expansão na rede estadual, segundo o secretário adjunto de saúde, Marcelo Cabral.
"Apesar de todos os problemas, conseguimos jogar mais para frente a data estimada para o esgotamento de leitos. Esses dados são dinâmicos, já que o trabalho de ampliação das vagas é feito diariamente", afirmou o secretário em entrevista à imprensa nesta quarta (24).
Das 14 macrorregiões de saúde do Estado, seis têm percentual de ocupação de UTIs acima de 90%. As regiões de Belo Horizonte, Uberlândia e Juiz de Fora estão entre elas.
Nesta quarta (24), Minas chegou a 31.343 casos de Covid-19 confirmados e 771 mortes. As internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave tiveram aumento de 718% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Um dos primeiros estados a autorizar a reabertura de comércio e de parques públicos, Mato Grosso continua com uma escalada no número de pacientes graves. A ocupação dos leitos de UTI, que há duas semanas era de 13%, subiu para 76% na semana passada e 87% nesta semana.
A situação é mais grave no interior: nas cidades de Rondonópolis, Cáceres e Sorriso, a ocupação dos leitos era de 100% nesta terça-feira (22). Em Várzea Grande, cidade da Grande Cuiabá, apenas um dos 40 leitos de UTI para pacientes com Covid-19 estava disponível.
Estados como Pernambuco, Maranhão e Ceará também registraram ocupação acima de 80%, mas vivem uma desaceleração no número de casos graves.
No Maranhão, onde o sistema de saúde atingiu o colapso há cerca de dois meses, o governo começou a redirecionar UTIs que estavam reservadas para pacientes com o novo coronavírus para pessoas com outras doenças. Em uma semana, o número de leitos para Covid-19 foi reduzido de 474 para 416.
A Secretaria Estadual da Saúde apontou queda na ocupação de leitos, do número de novos casos e da taxa de contágio na Grande Ilha, formada pela capital São Luís e pelas cidades de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. O novo cenário fez o governo retomar na serviços ambulatoriais e procedimentos cirúrgicos na Grande São Luís.
No interior do Estado, porém, houve um incremento no número de casos graves. Na segunda (22), 80% dos leitos fora da Grande Ilha estavam ocupados. Há duas semanas, eram 68%.
Pernambuco também tem registrado queda na demanda de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave por leitos de UTI.
Na terça-feira (23), a taxa de ocupação das UTIs na rede pública estadual era de 83%. Desde o início da pandemia, 762 vagas foram abertas. Há uma semana, o índice registrado foi de 87%.
A fila para pacientes aguardando por um leito de UTI, que no início de maio chegava a 256 pacientes, foi zerada.
No Rio de Janeiro, a taxa de ocupação das UTIs vem caindo há algumas semanas. Nesta segunda, 57% dos leitos nas unidades estaduais de referência para a doença. Contribuiu para a melhora a inauguração de um hospital de campanha em São Gonçalo na última quinta (18), ainda com 20 das 80 UTIs previstas.
Outros cinco hospitais de campanha prometidos pelo governador Wilson Witzel (PSC) não foram abertos até hoje. Um estudo técnico da própria Secretaria de Saúde recomendou que eles não fossem mais construídos, já que a ocupação está baixa e os custos de manutenção seriam altos, como revelou a TV Globo.
A fila por vagas de enfermaria e terapia intensiva no Estado subiu levemente na última semana - de 73 na última segunda (15) para 91. Epidemiologistas que acompanham os números da Covid-19 se preocupam com a abertura da economia em várias cidades e o aumento de casos no interior, que podem voltar a inundar o sistema de saúde da capital.
Em São Paulo, o governo do Estado afirma que não houve tensionamento nos leitos de UTI a despeito do novo recorde de óbitos em 24 horas? registrado nesta terça-feira (22). A taxa de ocupação dos leitos para pacientes graves é de 65,7%, chegando a 68% na Grande São Paulo.
Os números são menores do que os registrados na semana anterior, quando as taxas estavam em 70% no Estado e em 77% na Grande São Paulo.
Bahia, Paraná e Distrito Federal continuam em rota de crescimento no número de pacientes graves. Ao todo, a Bahia tem 75% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados nesta terça, percentual que sobe para 82% em Salvador.
O Estado tem cerca de 50 mil casos do novo coronavírus e 1.491 mortes. Cidades como Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Conceição do Coité e São Francisco do Conde registraram rápido crescimento no número de casos nos últimos dias.
O Distrito Federal também segue tendência de alta na ocupação dos leitos após medidas de reabertura. Com 33.282 novos casos e 433 mortes até segunda (22), a capital federal tinha de 67,2% dos leitos ocupados.
No Paraná, alguns hospitais públicos de Curitiba e na região oeste do Estado estão sem leitos exclusivos para tratamento de pacientes com o novo coronavírus.
A taxa média de 59% só é empurrada para baixo graças às condições favoráveis das outras áreas do Estado. Mesmo com novos 71 leitos, houve crescimento em relação à semana anterior, em que o porcentual era de 51%. Na capital, 78% das UTIs estão preenchidas.
Em meio a medidas de flexibilização do isolamento, Mato Grosso do Sul continua sendo o único Estado com ocupação de leitos abaixo de 50%, mas com tendência de alta. O número de leitos ocupados subiu de 10% para 23% em uma semana.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta