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Com ocupação de UTIs perto de 80%, Piauí decreta medidas mais restritivas

Com ocupação de UTIs perto de 80%, Piauí decreta medidas mais restritivas

O Piauí enfrenta um grave momento na pandemia e espera o pior cenário nas próximas semanas. Na quinta (25), houve a maior média móvel de infecções dos últimos 40 dias

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 19:10- Atualizado há 4 anos

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Governo do Amazonas transferiu 90 pacientes para os Estados do Maranhão, Piauí­ e Distrito Federaf
Governo do Amazonas ransferiu 90 pacientes para os Estados do Maranhão, Piauí­ e Distrito Federaf. (Yago Frota/Photo Premium/Folhapress)

O governo do Piauí publicou um decreto aumentando as medidas restritivas ao funcionamento do comércio, shoppings e suspendendo festas e eventos, além de lockdown aos finais de semana e toque de recolher de 23h às 5h para conter o avanço do novo coronavírus. A ocupação de leitos estaduais de UTI estava em 76% nesta sexta-feira (26), 80% apenas na capital Teresina. O índice na rede municipal está em 86% após abertura de dez novos leitos esta semana. Na rede privada, em 85%.

O Piauí enfrenta um grave momento na pandemia e espera o pior cenário nas próximas semanas. Na quinta-feira (25), houve a maior média móvel de infecções pelo novo coronavírus dos últimos 40 dias. Foram 2140 novos casos de covid-19 e 45 mortes registradas em 72 horas. Ao longo da pandemia, já foram 3.305 óbitos e 175 mil infectados.

O presidente da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, Gilberto Albuquerque, informou ao Estadão que apesar de ainda haver leitos vagos de UTI, a falta de alguns medicamentos utilizados no atendimento a pacientes com covid-19 torna a situação delicada.

"A taxa de ocupação dos leitos é altíssima, preocupa, mas a principal dificuldade neste momento é que as empresas não estão com capacidade de produção de alguns bloqueadores neuromusculares, que são usados na anestesia a pacientes entubados e estamos com restrição de medicamentos", pontua o gestor.

O secretário estadual de Saúde do Piauí, Florentino Neto, explica que o aumento de casos e internações nos últimos dias obrigou a uma revisão da logística do abastecimento de oxigênio: "Estamos com um plano de contingência revisando todos os espaços de armazenamento e distribuição do oxigênio e em contato direto com fornecedores para que não possamos enfrentar uma crise".

Segundo Neto, o Comitê de Operações Emergenciais (COE) do Estado avalia a possibilidade de aumentar ainda mais as restrições. "O foco é a prevenção por meio da busca ativa que desenvolvemos, mas se a prevenção não funcionar, sempre vamos pedir medidas mais fortes para preservarmos a vida", garante.

REABERTURA DE LEITOS 

De acordo com os boletins divulgados pela própria Sesapi, o Estado teve uma redução de 165 leitos de UTI, de 460 para 295, entre agosto de 2020 a fevereiro de 2021, com o fechamento de hospitais de campanha e fim de contratação de leitos em hospitais privados.

Agora, diante do aumento de casos e óbitos por Covid-19, o governo do Estado toma medidas para reabrir hospitais de campanha e aumentar o número de leitos. Na quinta-feira, o Piauí já contava com 315 leitos, 20 a mais que no dia anterior. O Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI) também ganhou hoje 31 novas vagas. No interior, a prefeitura de Parnaíba informou que o Hospital de Campanha Nossa Senhora de Fátima deve ser reativado em caráter de urgência. O local conta com 20 leitos clínicos e 10 leitos de UTI Covid.

INFECTOLOGISTA AFIRMA QUE GOVERNO TOMOU MEDIDAS BRANDAS

O infectologista Carlos Henrique Nery, que acompanha a evolução da pandemia no Estado desde o início, enfatiza que a situação é caótica e deve piorar nas próximas semanas. Ele critica o decreto de restrições publicado pelo governo do Estado, alegando que as medidas são muito brandas, o que pode levar o sistema ao colapso.

"Essas medidas foram de pouco impacto e a tendência é a situação piorar muito. A gente sabe que a projeção não é boa e sabemos que vamos ter a saturação das UTI e muita gente vai morrer sem ar nos próximos dias, igual aconteceu em Manaus, já que não foi tomada nenhuma medida coercitiva para conter isso. Essa possibilidade não está descartada, pelo contrário, é cada dia mais provável", afirma.

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