O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou à revista Veja que o combate à corrupção não é prioridade do governo Bolsonaro. Ao deixar o cargo, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de tentar interferir no comando da Polícia Federal para obter relatórios sigilosos de investigações. Segundo Moro, essa teria sido apenas a gota dágua.
Nesta quinta (30) o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, determinou ao ex-ministro que preste depoimento perante a Polícia Federal para apresentar provas de suas acusações. Em entrevista, Moro afirma que as apresentaria no momento oportuno, quando a Justiça solicitar.
Sinais de que o combate à corrupção não é prioridade do governo foram surgindo no decorrer da gestão. Começou com a transferência do Coaf para o Ministério da Economia. O governo não se movimentou para impedir a mudança. Depois, veio o projeto anticrime. O Ministério da Justiça trabalhou muito para que essa lei fosse aprovada, mas ela sofreu algumas modificações no Congresso que impactavam a capacidade das instituições de enfrentar a corrupção, elencou Moro.
A transferência do Coaf, hoje batizado Unidade de Inteligência Financeira, foi uma das derrotas de Moro na gestão. Em maio, a Câmara dos Deputados transferiu o órgão para o Ministério da Economia. O governo posteriormente migrou o conselho para o Banco Central. A perda do Coaf foi uma derrota política do ex-juiz da Lava Jato, assim como projeto anticrime, que sofreu modificações durante tramitação no Congresso.
Uma das mudanças foi a inclusão do juiz de garantias, figura que atuaria durante o processo de instrução dos casos e não seria o responsável pelo julgamento dos réus. A medida foi incluída na esteira das revelações das reportagens da chamada Vaza Jato.
Recordo que praticamente implorei ao presidente que vetasse a figura do juiz de garantias, mas não fui atendido. É bom ressaltar que o Executivo nunca negociou cargos em troca de apoio, porém mais recentemente observei uma aproximação do governo com alguns políticos com histórico não tão positivo, afirmou Moro.
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