O primeiro dia de carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro contou com desfiles da Mangueira, Grande Rio, Viradouro, Estácio de Sá, Paraíso do Tuiuti, Portela e União da Ilha, que se lançaram à avenida da Marquês de Sapucaí neste domingo (23).
Nesta segunda-feira (24), outras seis agremiações deverão desfilar: São Clemente, Vila Isabel, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Mocidade e Beija-Flor.
O samba-enredo da Mangueira retratou Jesus Cristo com o título A verdade vos fará livre. A proposta foi uma nova interpretação da vida do messias, com uma abordagem de um homem nascido em uma comunidade. O desfile contou com uma estátua gigante mostrando Jesus negro crucificado e referências indígenas, mulheres e personagens LGBT.
Conforme divulgado pela Agência Estado, 31 anos depois de o Jesus censurado da Beija-Flor ter ido à Sapucaí coberto por um saco preto, a Mangueira teve a oportunidade de exibir, sem censura, o seu Jesus. E o fez de diversas formas: na Verde e Rosa, Jesus foi negro, mulher e, antes de tudo, humano. Imagens de Jesus crucificado também se destacaram na narrativa.
A Grande-Rio retratou um pai de santo, com o samba-enredo intitulado de Tata Londirá, o canto do caboclo no quilombo de Caxias. Como rainha de bateria, a escola contou com a atriz Paolla Oliveira, fantasiada de Cleópatra. A agremiação enfrentou problemas com dois carros, o que pode influenciar na pontuação total.
De acordo com a Agência Estado, o verso "Eu respeito o seu amém / Você respeita o meu axé" foi o mantra da escola, mas não evitou um erro básico: o carro abre-alas era acoplado (dois carros interligados) e não conseguiu fazer a curva necessária para sair da avenida Presidente Vargas, onde fica a concentração, e entrar na pista do sambódromo, na rua Marquês de Sapucaí. Isso só foi constatado quando a escola já iniciava o desfile, e foi preciso desacoplar os carros para que ingressassem na pista. Isso causou vários minutos de demora e a escola passou a correr, o que deve fazê-la perder pontos em evolução. A Grande Rio conseguiu desfilar dentro do tempo previsto, que é de 70 minutos (cumpriu o percurso em 68 minutos), mas deve ter sua avaliação comprometida.
Viradouro de alma lavada exaltou as mulheres negras de Salvador, homenageando as Ganhadeiras de Itapuã, um grupo musical que surgiu com os cantos das lavadeiras do litoral da Bahia. Como ponto alto, a atleta de nado sincronizado Anna Giulia, vestida de sereia, mergulhava por até um minuto em um aquário.
Segundo informações da Agência Estado, de refrão chiclete, o samba era entoado à capela em dois trechos e conquistou a plateia. As alegorias e fantasias eram muito luxuosas e caprichadas.
Com Gracyanne Barbosa de rainha, a União da Ilha do Governador retratou a vida das comunidades do Rio de Janeiro, incluindo sinais como armas, ônibus lotados e o desemprego. O terceiro carro alegórico enfrentou problemas de percurso e acabou resultando em atraso de um minuto. A escola desfilou então em 71 minutos e será punida com a perda de 1 décimo, na apuração.
A escola relatou a história de Dom Sebastião, um rei português que desapareceu no século 16, e a história do santo padroeiro do Rio, São Sebastião. Com o trecho No morro do Tuiuti, no alto do terreirão, o cortejo vai subir, pra saudar Sebastião, a comissão de frente imaginou um encontro do santo com o monarca.
A escola, que voltou ao Grupo Especial após quatro anos, teve alas e carros sobre corpos celestes e criticou o processo de extração de riquezas como pedras preciosas e minerais.
A agremiação que mais venceu o carnaval carioca buscou a 23ª vitória tratando dos tupinambás e o paraíso encontrado no Rio antes da colonização. A proposta, de acordo com o site da escola buscava falar de um Rio de Janeiro que teve que acabar para que outro pudesse surgir.
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