O Ministério da Economia afirmou em nota nesta quarta-feira, 4, que epidemia do novo coronavírus tornou o cenário para o crescimento em 2020 "mais desafiador". Isso ocorre em função da doença reduzir as perspectivas de crescimento mundial e adicionar incertezas acerca da evolução dos termos de troca à frente, disse o ministério. A pasta, comandada por Paulo Guedes, pontua que não se sabe qual será a magnitude e a duração do surto, o que "dificulta um cálculo preciso de seus impactos econômicos".
"É importante destacar que os governos e os bancos centrais ao redor do mundo estão provendo estímulos fiscais e monetários para atenuar os impactos do coronavírus", destacou a pasta.
O ministério coloca, por outro lado, que fatores que irão contribuir para um crescimento "maior neste ano", citando medidas que buscam melhorar a alocação de recursos na economia, que, segundo a pasta, tendem a produzir "efeitos maiores".
A pasta também afirma que a consolidação do ajuste fiscal deverá permitir a continuidade do processo de substituição do setor público pelo setor privado.
"O investimento deve acelerar, puxado pela redução na taxa de juros, aumento da lucratividade das empresas e expansão do crédito. O prosseguimento da agenda de reformas também pode contribuir nesta direção. Os dados do início do ano indicam que a confiança industrial segue em recuperação e os dados de mercado apontam para uma retomada robusta do emprego, fortalecendo o cenário de redução no desemprego ao longo do ano", salientou a Pasta.
Em nota informativa para comentar o resultado do PIB em 2019, que teve crescimento de 1,1%, o Ministério da Economia destacou que a composição do PIB indica uma "melhora substancial", com "aumento consistente do crescimento do PIB privado e do investimento privado".
Para a pasta, isso mostra que a economia passa a mostrar dinamismo independente do setor público. O ministério também pontuou ser "fundamental" a continuidade da agenda de reformas para a consolidação da retomada da economia. "A agenda de reformas consolidando o lado fiscal e combatendo a má alocação de recursos mostra ser a estratégia adequada, e sua continuidade é fundamental para a consolidação da retomada da economia."
O comunicado do ministério comandado por Paulo Guedes aponta também que indicadores do mercado de trabalho e de crédito do setor privado mostram aquecimento com os "melhores resultados desde 2013", e que o segundo semestre de 2019 teve crescimento anualizado de 2,3%, sendo o melhor segundo semestre desde 2013. "Após um primeiro trimestre com crescimento baixo, diante de seguidos choques negativos (tragédia de Brumadinho, crise na Argentina e intempéries climáticas), o crescimento voltou a apresentar um ritmo de recuperação consistente", afirmou o ministério.
Do lado da demanda, a nota destacou o crescimento dos investimentos (2,2%) e do consumo das famílias (1,8%), enquanto que o gasto do governo se retraiu em 0,4%. Já sob a ótica da oferta, o ministério pontua que o crescimento em 2020 foi puxado principalmente pelo crescimento dos serviços (1,3%) e da agropecuária (1,3%).
"O aumento do consumo das famílias e do investimento, e acompanhado pela redução no consumo do governo reforçam a tendência de crescimento do PIB privado em substituição do setor público", disse a pasta.
O ministério coloca que, embora a formação Bruta de Capital Fixo agregada em 2019 tenha ficado em patamar inferior ao ocorrido em 2018, "há evidências de que o investimento privado no ano passado (com os dados acumulados em 12 meses até o 3º trimestre de 2019) cresceu acima do valor realizado em 2018".
Para a pasta, os resultados melhores do setor privado são reflexos da política econômica que foca no aumento da produtividade, corrigindo a má alocação de recursos e fortalecendo a consolidação fiscal, afirma. "O crescimento mais robusto no segundo semestre já reflete os efeitos, embora parciais, das mudanças no FGTS e a queda da inflação e dos juros, como consequência de menor concorrência no setor público na atividade e na poupança nacional", diz.
A nota citou ainda que o ano de 2019 foi marcado por choques adversos na economia, como a guerra comercial entre EUA e China, que, pontua o ministério, reduziu o crescimento global no ano passado, "levando a uma menor demanda de bens de exportação brasileiros e um menor apetite por investimentos no país". "A continuidade do ajuste fiscal, o encaminhamento de reformas estruturais e as medidas adicionais de correção da má alocação dos recursos na economia foram fundamentais para pavimentar um caminho de maior crescimento e seus efeitos devem repercutir com maior intensidade nos próximos anos."
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