O deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que prestou depoimento à CPI da Covid, no Senado, nesta sexta-feira (25), contou aos parlamentares que ao alertar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as suspeitas de irregularidades no contrato para a compra da vacina indiana Covaxin ouviu do próprio presidente que um parlamentar poderia estar por trás do esquema.
"O que eu percebi, sem querer proteger, o presidente demonstrou atenção ao que estávamos falando. Ele cita para mim assim: 'Você sabe quem é, né? Que ali é foda, se eu mexo nisso ai, já viu a merda que vai dar. Isso é fulano, vocês sabem que é fulano né", relatou Miranda.
O deputado relutou em revelar à CPI quem seria "fulano", disse tratar-se de um deputado, chegou a confirmar que é alguém que faz parte da base aliada ao governo, mas repetiu que não lembrava o nome citado por Bolsonaro.
Após insistência de senadores e de uma pergunta de Simone Tebet (MDB-MS), cravou: "Foi o Ricardo Barros".
Ricardo Barros (PP-PR) é líder do governo Bolsonaro na Câmara e foi Ministro da Saúde no governo Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2018.
"(Bolsonaro deu a entender) que nesse grupo específico não tinha a força de combater. Ele fala o nome, mas não tem certeza também. Fala assim, 'deve ser coisa de fulano, puta merda, mais uma vez... vou acionar o DG da PF para investigar'. Não foi uma ação de conivência, foi de 'estou amarrado'", disse Miranda.
"Vossa excelência tem obrigação de dizer o nome do deputado. Se não vai ficar no lenga-lenga. Se presidente citou nome de deputado, o certo era o presidente ter expulso ele da base e denunciado o deputado. Ele (o presidente tem a mania de ir para live e acusar nós aqui que temos diferenças (com ele) de ladrões sem ter prova nenhuma", afirmou Aziz. "Eu não me recordo do nome", insistiu o deputado, mais cedo.
Já por volta das 22h, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) insistiu, disse que Miranda não tinha coragem de falar o nome do deputado em questão, mas que todos já sabiam ser Ricardo Barros.
Simone Tebet disse ao depoente que ele poderia falar o nome, que não seria processado pelos colegas no Conselho de Ética da Câmara, pois teria apoio popular. E contaria ainda com o apoio do Senado.
Miranda ainda resistiu, disse que já havia perdido a relatoria da Reforma Tributária e poderia sofrer mais represálias, mas, em seguida revelou: "Foi o Ricardo Barros".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta