A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid apontou contradições na versão do coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, sobre os contatos com a empresa Davati, que tentou vender vacinas para o governo federal sem comprovar a capacidade de entregar doses.
Blanco afirmou que começou a conversar com o policial Luiz Paulo Dominghetti em fevereiro para viabilizar um negócio de venda de vacinas ao setor privado, e não ao governo. Foi o coronel quem levou Dominghetti para um jantar, no dia 25 de fevereiro, com o então diretor de Logística do ministério, Roberto Dias, acusado de pedir propina.
De acordo com documentação entregue na CPI, o representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, cobrou de Blanco respostas sobre a negociação com o Ministério da Saúde. Além disso, os senadores apontaram 64 vezes em que Blanco ligou para Dominghetti pelo WhatsApp. De acordo com o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), a versão de negociação apenas no setor privado é "imprecisa".
O senador Marcos Rogério (DEM-RR), aliado do presidente Jair Bolsonaro, criticou o relator por revelar as conversas, que foram protocoladas pela CPI como documentos sigilosos. Renan, no entanto, disse que a catalogação foi feita de forma equivocada e que as conversas foram entregues por Carvalho de forma pública. "É por isso que Vossa Excelência fica preocupado toda vez que essas bandalheiras vêm à tona", disse Renan a Marcos Rogério. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Blanco omitiu algumas conversas ao entregar seus documentos para a comissão. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também levantou suspeitas sobre a versão do coronel. "É muita cara de pau", declarou.
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