O senador e líder da oposição ao governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou nesta terça-feira (28), o requerimento para criar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará o "gabinete paralelo" no Ministério da Educação (MEC) — as denúncias de corrupção e tráfico de influência.
Para que a comissão inicie os trabalhos, depende ainda que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), faça a leitura do documento em plenário.
O pedido conta com apoio de 31 assinaturas, quatro a mais do que o mínimo necessário, que são 27. Entre os capixabas, apenas um assinou: Fabiano Contarato (PT-ES).
Saiba abaixo quais senadores assinaram o pedido de criação da CPI:
As últimas assinaturas foram dos senadores Marcelo Castro (MDB-PI), Confúcio Moura (MDB-RR) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE).
Em entrevista coletiva a jornalistas, Randolfe classificou o requerimento como "robusto". Segundo o parlamentar, não há dúvidas de que foi instalada uma quadrilha no Ministério da Educação (MEC) e de que o próprio medo do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante dos rumos da investigação indica "que há tentáculos do Planalto envolvidos nessa situação".
Segundo Randolfe, as investigações estão sob "forte ameaça". "Em situações normais não necessitaria de uma CPI, mas essa investigação está sob ameaça de interferência do presidente da República", afirmou o parlamentar.
Como mostrou o Estadão, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi pego no grampo da PF. Em conversa com a filha, no dia 9 de junho, Ribeiro relatou que Bolsonaro havia lhe telefonado, dizendo que estava com um "pressentimento" sobre busca e apreensão na investigação que apura sobre o gabinete paralelo de pastores no MEC.
Apesar dos indícios revelados pelo parlamentar, o pedido de abertura da CPI só terá prosseguimento com aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem cabe analisar o requerimento e determinar a instalação. Há dúvidas, até o momento, se a CPI de fato será aberta com a proximidade das eleições de outubro.
Com o avanço do requerimento de Randolfe Rodrigues, governistas tentam barrar a instalação da CPI. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) protocolou requerimento solicitando que a ordem cronológica de pedidos de aberturas de CPIs seja respeitada.
No dia 7 de abril, a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) afirmou em plenário que teve seu nome incluído, sem autorização, em uma lista de assinaturas para abrir uma CPI que investigue um suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação. De acordo com a parlamentar, ela foi pega de surpresa quando foi questionada por ter assinado uma lista que circulava com nomes a favor da comissão parlamentar de inquérito.
Na ocasião, a fala deu origem a uma série de falas de governistas, que aproveitaram o momento para criticar a tentativa de instalar uma CPI.
O autor do requerimento, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), rebateu e disse, na ocasião, que o documento oficial não tinha sido protocolado, portanto não haveria fraudes. Assessores legislativos ironizaram a fala de Rose de Freitas, dizendo que ela própria poderia simplesmente entrar no seu sistema e ver qual usuário acessou para incluir a sua assinatura.
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