Como ficam os portadores de doenças crônicas, que poderão ter seus tratamentos comprometidos por falta de atendimento hospitalar?
O colapso do sistema de saúde, especialmente público, é algo que alerta especialistas que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus.
Leonardo Weissmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que a situação é extremamente preocupante e que, enquanto a curva de casos continuar crescendo, tende a piorar.
"Pessoas em estado grave por infarto, acidente vascular cerebral, câncer, acidentes de trânsito, não deixaram de existir e precisam de atendimento. Faltam vagas [nos leitos de hospitais], equipamentos, profissionais capacitados. Por isso insistimos tanto na necessidade do distanciamento social neste momento", completa.
Paulo Hoff, oncologista e diretor geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo do Hospital das Clínicas (Icesp-HC), explica que é preciso que os grandes hospitais tenham alas ou enfermarias separadas para atender exclusivamente esses pacientes e protegê-los da Covid-19.
"Uma pessoa que sofreu um infarto precisa de atendimento médico e de um leito de UTI, mas também é preciso preservá-lo para não contrair a doença. Os hospitais falam 'temos 50 leitos de UTI', mas esses leitos não podem ser só para [pacientes com] Covid-19", diz.
Hoff afirma que as sociedades brasileiras de medicina estão buscando constantemente medidas para proteger os pacientes crônicos ou que sofrerem acidentes nesse período de pandemia, incluindo postergar tratamentos e terapias quando for possível. Por exemplo, uma das orientações é remarcar para daqui a dois ou três meses exames de rotina.
"É claro que existem pacientes que não podem ter tratamentos atrasados. Nesses casos, nosso sistema de saúde tem que ter capacidade de atendê-los", completa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta