O apresentador e jornalista José Luiz Datena não vai mais se filiar ao PSD na próxima quarta-feira (24) como estava previsto. À reportagem, ele disse que o cenário político mudou muito desde que houve o acerto com o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, presidente nacional do partido. Datena, porém, disse que ainda está perto do PSD, mas que também conversa com outros partidos.
Entre os fatores citados por ele para o adiamento está a possibilidade de o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB, ser vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto no ano que vem. "De uma semana para cá, mudou o mundo. Uma implosão política aí", disse Datena. "Então, cada um tem o seu tempo para escolher. Por que não posso ter o meu tempo?"
Quando conversou com Kassab, a proposta era de que Datena fosse candidato ao Senado, acompanhando uma chapa ao governo paulista encabeçada por Alckmin, que se filiaria ao PSD, com o ex-governador Márcio França (PSB) como vice. O anúncio da ida ao PSD foi feito no início do mês.
"Agora, qual a possibilidade de isso acontecer, eu não sei qual é", disse Datena. "Se Alckmin não sair a governador pelo PSD e ser vice do Lula, como vai ficar a situação política? Se o Márcio França decidir sair de vice para acompanhar o [Fernando] Haddad [ex-prefeito de São Paulo, do PT], o Lula, o movimento é outro."
Segundo o apresentador, sua ida ao PSD ainda aparece como cenário mais provável, mas ele diz que ainda avalia outros convites, como o do PDT, que tem Ciro Gomes como presidenciável. "Tenho outros convites que ainda não posso falar porque não foram liberadas as negociações. Por enquanto, a definição mais clara é o caminho do PSD, mas não é definitivo."
Datena disse, inclusive, que deixou em aberto para Kassab a possibilidade de ser candidato a governador pelo PSD caso Alckmin escolha outro caminho. "Não sei qual é a pretensão de cada um deles. Se a do Kassab é fechar com o Lula lá na frente."
Para ele, seria interessante o projeto envolvendo sua candidatura ao Legislativo e a de Alckmin ao Executivo paulista. "Mas eu não dependo do Alckmin. Ele pode fechar com o Lula e eu fechar com o Kassab para Senado ou governo do estado. Provavelmente Senado", disse. "Gostaria de estar ao lado do Alckmin desde que ele esteja com gente que eu queira estar também."
Apesar de não mais se filiar nesta semana, Datena ainda participará do Encontro Nacional do PSD, que acontece em Brasília na quarta, por vídeo.
À reportagem, Kassab confirmou que Datena participará remotamente do evento e disse entendê-lo. "Mas não mudou nada. Tanto é que ele vai entrar via telão no evento. Tenho falado com ele todo dia. Está bem tranquilo. Ele vai continuar no PSD. A única coisa é que mudou esse cenário. A gente tem que dar razão para ele."
Kassab voltará a conversar com Datena ainda nesta segunda (22), mas que fará como o apresentador quiser, ressaltando que há "muita serenidade" na relação entre ambos.
Segundo o jornalista, o que afetaria a relação com o PSD é se o partido não tiver candidato ao governo de São Paulo, o que poderia ter reflexos sobre seu pleito por uma cadeira no Senado.
A indefinição sobre as prévias do PSDB é outro fator considerado por Datena. No domingo (21), o partido, por problemas com o aplicativo para votação, não conseguiu encaminhar a definição de sua candidatura presidencial. "São prévias que vão motivar várias movimentações de quadro."
Segundo Datena, ele deve aguardar mais uns "dez, 15 dias" para tomar uma decisão. "Não pode passar muito tempo também. Ou talvez eu deixe para decidir em janeiro, fevereiro." No entanto, ele disse ter conversado por telefone com Alckmin no domingo. Para Datena, tanto o ex-governador como ele próprio não devem demorar para ter uma definição.
Datena ensaia disputar efetivamente cargos políticos desde a eleição de 2016, mas acaba recuando pouco antes das disputas. Para 2022, seu nome voltou a ser apontado como opção após ser convidado para o PSL para disputar a sucessão de Jair Bolsonaro (sem partido) no Planalto.
Mas, depois do anúncio da fusão do partido com o Democratas, gerando o União Brasil, Datena ficou descontente, deixou o partido e encaminhou o acerto com o PSD. Desta vez, ele reafirma que será candidato, a não ser que ele morra ou "caia um meteoro na Terra". Um "meteoro", por exemplo, foi o União Brasil, segundo Datena. "Eu tenho total pretensão de ser candidato."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta