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Davati enviou oferta ao Ministério da Saúde um dia após "jantar da propina"

Davati enviou oferta ao Ministério da Saúde um dia após "jantar da propina"

O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que prestou depoimento à CPI da Covid, apresentou-se como um representante informal da empresa

Publicado em 1 de julho de 2021 às 20:38

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Representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira em depoimento à CPI da Covid no Senado
Representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira em depoimento à CPI da Covid no Senado. (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Daniel Weterman e Amanda Pupo

A empresa Davati Medical Supply fez uma oferta de vacinas ao Ministério da Saúde um dia após um suposto pedido de propina para aquisição das doses. A oferta foi enviada pela empresa no dia 26 de fevereiro, conforme documento entregue à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O ofício é assinado pelo CEO da companhia, Herman Cárdenas, e endereçado ao ministério, com cópia ao ex-diretor de Logística em Saúde do ministério, Roberto Ferreira Dias.

O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que prestou depoimento à CPI, apresentou-se como um representante informal da Davati.

Ele afirmou aos senadores que, no dia 25 de fevereiro, durante jantar em Brasília, recebeu um pedido de propina de Roberto Dias para que o contrato avançasse. De acordo com o vendedor, o valor irregular seria de US$ 1 para cada dose.

Roberto Dias foi exonerado ontem do cargo. Na CPI, aliados do presidente Jair Bolsonaro negaram que o governo tenha cometido irregularidades.

A Full Corporate Offer (oferta) enviada pela empresa apresentou uma proposta de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneva ao preço de US$ 3,50 por unidade, totalizando uma negociação de US$ 1,4 bilhão.

A empresa se comprometeu a fazer uma intermediação e adquirir as doses de um titular de alocação da AstraZeneca. A fabricante, porém, argumentou que não tem intermediários e que sempre negociou diretamente com a Fiocruz no Brasil. Na proposta enviada ao ministério, a empresa norte-americana cita o nome de Dominguetti como "Via: Mr. Luiz Paulo Dominguetti Pereira", sinalizando a representação.

Durante a sessão, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que o Ministério da Saúde eliminou a possibilidade de aceitar a oferta. Ele sustentou que a AstraZeneca não negociava com intermediadores e que Roberto Dias não tinha poder no ministério para avançar nos contratos.

"Decorrente dessas solicitações de documentos que atestassem a idoneidade da oferta para a aquisição de vacinas, a proposta foi considerada não procedente pelo Ministério da Saúde, uma vez que a própria AstraZeneca informou que apenas realiza a negociação de ofertas diretamente com os governos", disse o governista.

A Davati Medical Supply confirmou que Dominguetti intermediou a relação da empresa com o governo federal na posição de "vendedor autônomo". A empresa negou, no entanto, ter conhecimento sobre a solicitação de propina relatada pelo policial militar.

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