O infectologista David Uip, 67, pediu afastamento do comando do centro de contingência do coronavírus do governo paulista, cargo que ocupava como voluntário desde o início da pandemia. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, assumiu a função.
À reportagem Uip diz que tem sintomas de estafa, causada por excesso de trabalho. "Vinha num ritmo alucinante de trabalho, 18 horas por dia."
> CORONAVÍRUS | A cobertura completa
Além das atividades do centro de contingência, ele atende pacientes no consultório, no hospital e dirige uma universidade no ABC paulista.
O médico está sendo submetido a uma bateria de exames e diz que, por recomendação médica, decidiu diminuir o ritmo das atividades após sentir mal-estar na última quarta (6).
"Fechei o meu consultório e tive uma taquicardia. Minha frequência normalmente é próxima a 60 e foi para 96. Isso veio acompanhado de náuseas e vômitos", relata.
Segundo ele, a recomendação de afastamento partiu do cardiologista que o acompanha, Roberto Kalil.
"É muito mais pelo meus antecedentes, três stents no coração. Se eu não tivesse essa história coronariana, nem ia dar muita importância. Mas não tem como. Tem que investigar para ver o que é."
Uip não acredita que o problema esteja relacionado a eventuais sequelas da infecção por coronavírus que o acometeu em março. "Eu já estava ótimo. Voltei a trabalhar no 15º dia [após a infecção] porque já estava sem sintomas."
Para ele, o comitê ficará em em ótimas mãos com a sua saída. "O Dimas Covas é uma pessoa preparada, experiente."
Sobre a prorrogação da quarentena até o fim do mês, ele diz que a medida foi acertada e sugerida pelo comitê de experts, que subsidiou o governo de João Doria (PSDB) com todos os dados possíveis.
"Claro que todo mundo está preocupado com a economia, com as pessoas, mas agora a questão é de vida ou morte. Foi uma decisão duríssima, mas o governador Doria se manteve firme."
Em carta encaminhada ao governador, Uip se diz entristecido com a sua saída neste momento difícil da pandemia. "No entanto, tenho a plena convicção de que São Paulo está no caminho certo. E está salvando vidas." Afirma também que, assim que estiver recuperado, pretende retomar a contribuição ao centro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta