A ex-deputada Cristiane Brasil (PTB), que chegou a ser presa em setembro do ano passado acusada de desvio de verba pública, foi nomeada nesta quarta-feira (20) para exercer o cargo de assistente parlamentar na liderança do PTB na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Brasil afirma que é alvo de injustiça e diz estar animada com o novo cargo. "A cada dia eu tenho uma vitória, porque eu sou inocente. A prisão foi um absurdo na minha vida. Eu vou ser inocentada em breve, e aí a gente vai dar um tapa da cara na sociedade", declarou ao jornal Folha de S.Paulo.
A filha de Roberto Jefferson, presidente do PTB que foi o delator do mensalão e agora converteu-se ao bolsonarismo, vai atuar junto ao líder do partido na Casa, o deputado estadual Douglas Garcia -que é o único deputado da sigla na Assembleia.
Procurado pela reportagem, o deputado diz que a nomeação ocorreu em comum acordo entre ele e a cúpula do PTB. Brasil afirmou que foi convidada por Garcia para o cargo.
Conservador e parte da tropa de choque de Bolsonaro em São Paulo, Garcia entrou no PTB após ter sido expulso do PSL pela ala do partido contrária ao presidente. A movimentação provocou a saída do deputado estadual Campos Machado do PTB após 30 anos de partido -ele foi para o Avante.
Garcia é alvo de investigação do Supremo Tribunal Federal no inquérito sobre fake news.
Segundo a nomeação no Diário Oficial, Brasil receberá salário de R$ 4.459,35 no cargo comissionado.
Garcia afirma que ela atuará na articulação política, por conhecer melhor o PTB e ter mais experiência que ele, deputado de primeiro mandato.
"Ela vai me auxiliar a dialogar e fazer o trabalho político com prefeitos e vereadores do PTB em São Paulo. Ela conhece o PTB, e eu nunca pensei que fosse me tornar líder do partido. Ela vai me ajudar a construir e fortalecer o partido", diz.
"É o que eu sei fazer de melhor, o relacionamento com os prefeitos, dar assistência técnica, assessoria a eles", diz Brasil.
A ex-deputada afirmou que, após a prisão, desistiu de seguir na vida política como candidata. "A política tem várias facetas. Eu não quero mais me candidatar, mas fazer o trabalho de bastidores como dirigemnte partidária. A prisão foi um balde de água fria com relação à política, não me sinto protegida pelo estado", diz.
Brasil, que é do Rio de Janeiro, já estava de mudança para São Paulo. A ex-deputada iria concorrer à Prefeitura do Rio no ano passado, mas foi presa durante o período eleitoral, no dia 11 de setembro. Em 15 de outubro, a Justiça lhe deu liberdade.
O Ministério Público do Rio a acusa de participar de um esquema de desvio de verba em contratos de assistência social entre 2013 e 2017, quando ela ocupou secretarias na Prefeitura do Rio.
Segundo as investigações, a ex-deputada recebia propina de 5% a 25% do valor dos contratos. Brasil afirma que as acusações são baseadas na palavra de um delator e que não há provas.
Garcia afirma que a prisão de Brasil não é um problema. "Quando não existe uma condenação de fato, é irrelevante", diz.
A ex-deputada afirmou ainda que passa por dificuldades financeiras e contraiu dívidas. "Voltando a trabalhar, vou colocar a vida ordem com dignidade", diz.
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