SÃO PAULO - A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) deve entrar com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Márcio Jerry (PC do B-MA) por suposta prática de assédio.
Ela diz que o parlamentar a abordou por trás e a intimidou com palavras ditas ao pé do ouvido, além de supostamente ter encostado no seu pescoço. Por meio de suas redes sociais, Jerry nega a acusação.
O episódio ocorreu na terça (11) durante sessão com o ministro da Justiça, Flávio Dino, na Comissão de Segurança e Justiça da Câmara.
Um vídeo compartilhado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) mostra Márcio Jerry se aproximando de Júlia Zanatta e falando no ouvido da deputada. A parlamentar republicou imagens desse vídeo.
"Me senti extremamente desrespeitada. Esse colega [Jerry] chegou por trás de mim e falou: 'Respeite 40 anos de mandato'. Eu peço respeito ao meu primeiro mandato como mulher, nessa Casa, e não admito que alguém encoste em mim ou fale ao meu ouvido tentando me intimidar, intimidar meus posicionamentos", afirma a parlamentar em áudio enviado à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Em seu perfil no Instagram, Jerry publicou o mesmo vídeo. Mas, segundo ele, as imagens "desmascaram a absurda acusação da deputada bolsonarista".
"Apelei a ela ali em meio a um tumulto que respeitasse a deputada @lidicedamata [Lidice da Mata (PSB-BA)], 'que tem 40 anos de história nesta casa'", escreveu ele na legenda. Segundo o parlamentar, as duas estavam discutindo no momento e Zanatta estava aos berros.
A parlamentar do PL recebeu apoio de outros deputados da sigla, como Mário Frias (SP) e Eduardo Bolsonaro (SP).
"Imagina se fosse o contrário, um homem de direita chegando por trás de uma deputada de esquerda. Atitudes serão tomadas", afirmou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais.
"Os colegas deputados do meu partido não fazem isso comigo. São respeitosos. Me acolhem. Me apoiam. E vem um deputado, que eu nem sabia o nome, nunca nem falei na vida, achar que tem a liberdade para falar comigo daquela maneira e encostar no meu cangote, no meu cabelo, é simplesmente absurdo e nojento", diz Zanatta.
A equipe da deputada ainda avalia com a legenda quais outras medidas serão tomadas e se a representação pedirá a cassação do mandato de Márcio Jerry.
A deputada Júlia Zanatta foi acusada no mês passado de incitação à violência por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após publicar em uma rede social uma foto na qual segura uma carabina enquanto veste camiseta estampada com uma mão com quatro dedos perfurada por balas seja uma alusão ao petista.
Ela nega qualquer relação com o petista. "Está escrito Lula na camiseta? Não está, né. Não está escrito Lula. Eu acho que não é só ele que tem um dedo a menos ou dois, sei lá. Não está escrito Lula e em nenhum momento eu falei no meu texto: 'vamos atacar', 'vamos pegar em armas para fazer uma revolução'. A esquerda já falou isso uma vez. Eu nunca falei isso", disse a parlamentar à coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
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