Com a derrota de Marília Arraes no Recife e João Coser em Vitória, o PT termina as eleições 2020 sem comandar, pela primeira vez na história, uma capital do país. A primeira vitória, em Fortaleza (CE), com Maria Luiza Fontenele, foi em 1985.
A notícia aprofunda a perda de relevância do partido nas eleições municipais. Até hoje, 2016 havia sido o pior pleito do PT na conquista de prefeituras.
A sigla do ex-presidente Lula passa por uma crise desde a Operação Lava Jato e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
O plano do PT de voltar a retomar o espaço nos municípios a partir das cidades médias acabou naufragando. Das 14 cidades que o partido disputou neste domingo (29), a vitória veio em apenas quatro: Juiz de Fora (MG), Contagem (MG), Diadema (SP) e Mauá (SP).
Na maioria das cidades, o PT apostou em candidaturas de ex-prefeitos que chegam à campanha amparados por um reconhecimento de campanhas anteriores e pela marca da experiência.
O objetivo do partido era retomar espaço dentre os 96 maiores colégios eleitorais brasileiros, grupo que inclui as 26 capitais de estados e 70 cidades de interior com mais de 200 mil eleitores. Há quatro anos, o partido havia vencido apenas em Rio Branco dentre as maiores cidades.
A derrota mais dolorosa para o PT aconteceu no Recife, onde Marília Arraes, um nome jovem e em ascensão no partido acabou derrotada para o primo e deputado federal João Campos (PSB).
Uma vitória na capital pernambucana, além de representar a retomada de uma das cidades mais importantes do país, também seria uma lufada de renovação nos quadros do partido.
Em Vitória, o ex-prefeito João Coser (PT) foi derrotado pelo deputado estadual Delegado Pazolini (Republicanos), candidato que tem perfil conservador, mas buscou afastar sua imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O PT também sofreu derrotas inesperadas em Feira de Santana e Vitória da Conquista, as duas maiores cidades do interior da Bahia.
Em Feira de Santana, o prefeito Colbert Martins (MDB) se reelegeu, derrotando o deputado federal Zé Neto (PT), em uma virada em relação ao primeiro turno. Em Vitória da Conquista, o prefeito Herzem Gusmão (MDB) foi reeleito.
Estas duas cidades eram consideradas cruciais para o partido reequilibrar as forças dentre as maiores cidades da Bahia.
No primeiro turno, o PT venceu em apenas um dos 30 maiores municípios da Bahia. Já o seu principal oponente no estado, o DEM, ganhou em nove das 30 maiores cidades. O resultado que fortalece a provável candidatura do prefeito de Salvador ACM Neto ao governo da Bahia.
Outras duas derrotas simbólicas aconteceram em Guarulhos (SP) e em São Gonçalo (RJ), duas cidades consideradas estratégicas por terem mais de um milhão de habitantes.
Em Guarulhos, o ex-prefeito Elói Pietá, que governou a cidade entre 2001 e 2008, fez uma campanha destacando sua experiência administrativa e fazendo críticas à atual gestão. Mas acabou sendo derrotado pelo prefeito Guti (PSD), que teve 57,2% dos votos e foi reeleito.
Em São Gonçalo, Dimas Gadelha perdeu por margem estreita para o Capitão Nelson (Avante). A cidade era principal aposta dos petistas no estado do Rio e consolidaria uma espécie de cinturão vermelho no leste fluminense.
Também houve derrotas do PT em Anápolis (GO), Santarém (PA), Caixas do Sul (RS), Cariacica (ES) e Pelotas (RS).
As quatro vitórias do PT neste 2º turno vieram em cidades de São Paulo e de Minas Gerais.
A maior cidade que será governada pelo partido a partir de 2021 é Contagem, terceira maior de Minas. Lá, a ex-prefeita Marília Campos venceu o advogado Felipe Saliba (DEM) por margem estreita.
Em Juiz de Fora, a vitória petista veio com a deputada federal Margarida Salomão, que disputava o cargo pela quarta vez consecutiva.
As duas vitórias representam uma retomada de espaço do PT em Minas, que governará a terceira e quarta maiores cidades do estado a partir do ano que vem.
O partido ainda venceu as eleições em Diadema, na Grande São Paulo, onde o ex-prefeito Filippi teve 51,3% dos votos contra 486% de Taka Yamauchi (PSD). Ele governará a cidade pela quarta vez.
O partido também venceu por margem estreita em Mauá, que também fica na Grande São Paulo. O vereador Marcelo Oliveira teve 50,7% contra 49,3 do prefeito Átila (PSB), em uma virada em relação ao resultado do primeiro turno.
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