Condenada por ofender a memória de Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada em 2018, a desembargadora Marília de Castro Neves foi eleita nesta segunda-feira (30) para integrar o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que tem como atribuição julgar autoridades com foro especial.
O colegiado, formado por 25 magistrados, será responsável por analisar denúncia que envolve o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das "rachadinhas", quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Na ação, o filho do presidente Jair Bolsonaro é acusado de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Ele nega irregularidades.
Em 2018, Marília declarou em suas redes sociais que votou em Jair Bolsonaro para presidente. No mesmo ano ela escreveu, dias após Marielle Franco ser morta, que a vereadora "estava engajada com bandidos".
Afirmou ainda que o "comportamento" dela, "ditado por seu engajamento político", foi determinante para a morte. E que houve uma tentativa da esquerda de "agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro".
Em outubro deste ano, ela foi condenada pela Justiça a pagar indenização por danos morais à família de Marielle.
Depois da polêmica mensagem sobre Marielle, outros comentários antigos da desembargadora feitos na internet vieram à tona. Em um deles, Marília questionou o que professores com Down poderiam ensinar.
Outro texto polêmico de Marília, publicado em 2015, dizia que o ex-deputado federal Jean Wyllys deveria ir para um paredão (de fuzilamento) "embora não valha a bala que o mata".
Na semana passada, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu abrir processo administrativo disciplinar contra a desembargadora, mas isso não a impediu de concorrer ao Órgão Especial do TJ-RJ. Ela foi a única candidata.
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