O governo federal exonerou o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (20) e assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).
Vasques é investigado por três atos, todos relacionados a um possível favorecimento ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano. O primeiro é uma postagem que ele fez em seu perfil no Instagram declarando voto no presidente na manhã do segundo turno.
Vasques também é réu por organizar uma operação da PRF no dia do segundo turno para averiguar transporte ilegal de pessoas. A suspeita é que seu objetivo era atrapalhar eleitores do adversário de Bolsonaro, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a chegarem aos locais de votação.
O terceiro ato é a suposta leniência em lidar com os bloqueios de rodovias organizados por caminhoneiros a partir da declaração da derrota de Bolsonaro pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir em novembro deste ano o afastamento de Vasques por "uso indevido do cargo, com desvio de finalidade, bem como de símbolos e imagens da instituição policial com o objetivo de favorecer um dos candidatos nas eleições presidenciais".
Além de pedir a saída de Vasques do cargo de diretor-geral da PRF, o Ministério Público também propôs a condenação do policial por improbidade administrativa e por violar os princípios da administração pública.
Segundo o MPF, o então diretor-geral teria iniciado a prática ainda em agosto, no início da campanha eleitoral deste ano.
Em relação aos bloqueios nas rodovias após as eleições, o MPF afirmou que os vídeos feitos dos protestos mostram "não apenas a ausência de providências da Polícia Rodoviária Federal diante das ações ilegais dos manifestantes, mas até declarações de membros da corporação em apoio a manifestantes, como se fosse essa a orientação recebida dos órgãos superiores da instituição".
Bolsonaro publicou um vídeo três dias após a derrota para Lula pedindo o fim dos bloqueios nas rodovias. No mesmo dia, a PRF informou que tinha desmobilizado todos os protestos, mas eles voltaram a acontecer a partir de 15 de novembro. Só foram definitivamente encerrados em 22 do mesmo mês.
Vasques se tornou réu pela sua atuação à frente da PRF durante as eleições no fim de novembro, quando o juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou a ação movida pelo MPF. A PRF afirmou na ocasião que "acompanhava com naturalidade a determinação de citação".
A PF (Polícia Federal) também investiga o ex-diretor-geral da PRF pela operação organizada pela corporação no dia do segundo turno, mesmo após determinação do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, um dia antes, para que nada do tipo ocorresse no dia do pleito.
Por conta disso, Vasques e Moraes se reuniram na tarde do domingo de eleição. No encontro, o juiz pediu que a operação fosse encerrada. Na ocasião, a Folha apurou que a PRF já tinha feito 514 ações de fiscalização contra ônibus até as 12h35 daquele dia.
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