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Donos de escola investigada são indiciados 9 vezes por tortura em SP

Donos de escola investigada são indiciados 9 vezes por tortura em SP

Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira agrediam as crianças de forma física e psicológica, com puxões e gritos; defesa do casal afirma inocência

Publicado em 5 de julho de 2023 às 11:06

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Eduardo Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira, donos da escola particular Pequiá
Eduardo Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira, donos da escola particular Pequiá. (Reprodução)

Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira, donos de uma escola em São Paulo investigada por maus-tratos, foram indiciados nove vezes por tortura.

À reportagem do UOL, o delegado Fábio Daré, responsável pela investigação do caso, informou que levou em conta para o indiciamento as evidências colhidas e o depoimento das famílias e de testemunhas. O colégio infantil particular fica no bairro do Cambuci, na zona sul da cidade.

A defesa dos donos da escola nega as acusações e diz que o casal é inocente. Procurada pela reportagem, a advogada Sandra Pinheiro de Freitas informou que teve acesso ao inquérito e que o indiciamento já era "esperado".

Prisão

Os dois donos da escola foram presos temporariamente na última terça-feira (4).

Sobre o caso, o delegado Daré disse que "as crianças torturadas não tinham lesões porque foram submetidas a uma violência psicológica". "Ele [dono da escola] foi descrito como mais violento. Ela [dona da escola] costumava gritar e xingar os alunos. É triste, revoltante e bizarro", afirmou o titular do 6º Distrito Policial (Cambuci).

O que se sabe sobre o caso

O caso só veio à tona no mês passado, quando uma professora entregou imagens com os maus-tratos e prestou depoimento. Em uma das gravações, a dona da escola chamou de "louco", diante de outros alunos, um menino de 5 anos com dificuldade para fazer necessidades fisiológicas.

Em outro vídeo, uma menina de apenas 1 ano e 8 meses aparece recolhendo brinquedos e chorando. Em seguida, a dona da escola diz "guarda dentro da caixa" e ergue a criança com violência pelas mãos. "Pode guardar tudo isso aí! Agora! Pode recolher!", diz um homem. A voz é atribuída ao dono da escola.

Inicialmente, o caso começou a ser investigado pela Polícia Civil como maus-tratos. Mas os registros em foto e vídeo das crianças e os depoimentos fizeram com que a investigação passasse a tratar os episódios ocorridos na escola como tortura, com pena de até oito anos de prisão.

A Polícia Civil ouviu três professoras e 16 pais de alunos. Entre eles, os responsáveis por cinco crianças entre 1 e 6 anos vítimas de maus-tratos neste ano.

Segundo depoimentos à polícia, as crianças costumavam ficar sem o lanche oferecido no café da manhã porque precisavam "comer rapidamente".

Depoimentos dos pais à polícia

O Fantástico revelou no último domingo (2) trechos do depoimento dos pais à Polícia Civil de São Paulo. Segundo o delegado que investiga o caso, todos os depoimentos colhidos até o momento foram "convergentes". "Isso me levou a crer que houve um crime de tortura naquela escola", afirmou.

"Havia uma sala escura usada como cantinho do castigo para crianças que choravam muito ou não comiam."

"Aluno com dificuldade de leitura foi humilhado na frente dos colegas."

"Um pai contou que o filho foi colocado de castigo nu, em uma bacia na chuva porque havia vomitado na roupa."

Estes são alguns trechos de depoimentos de familiares.

Acusação de 2021

Além da investigação atual, os donos da escola também são investigados após denúncia de lesão corporal em 2021. Uma mãe alega que o filho tinha fortes dores de cabeça e contou que o dono da escola teria batido nele. "Quando fui mexer na cabeça dele, ele falou que não era pra mexer que doía muito. E estava um pouco altinho. Ele falou: 'Tio bateu'", disse a mãe ao Fantástico.

Eduardo também negou a agressão e afirmou que a acusação é "absurda".

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