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Doria afasta coronel bolsonarista e diz que não aceita indisciplina na PM

Doria afasta coronel bolsonarista e diz que não aceita indisciplina na PM

Governador de São Paulo afastou coronel da Polícia Militar que fez convocação para ato bolsonarista do 7 de Setembro em Brasília, além de ter criticado o tucano, outros políticos e o STF

Publicado em 23 de agosto de 2021 às 15:14

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João Doria, Governador de São Paulo, visita a Rede Gazeta
João Doria, governador de São Paulo, em visita ao Espírito Santo. (Fernando Madeira)

O governo de João Doria (PSDB-SP) afastou o coronel da Polícia Militar que fez uma convocação para o ato bolsonarista do 7 de Setembro em Brasília, além de ter criticado o tucano, outros políticos e o Supremo Tribunal Federal.

"A Polícia Militar do Estado de São Paulo informa que o coronel Aleksander Toaldo Lacerda foi afastado das suas funções à frente do Comando de Policiamento do Interior-7", diz nota do governo paulista.

"A Corregedoria da instituição, que é legalista e tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do país nela expressos, analisa as manifestações recentes do oficial, que foi convocado ao Comando Geral para prestar esclarecimentos", completa o texto.

As críticas do coronel foram reveladas pelo jornal O "Estado de S. Paulo" e constituem um degrau acima na percebida bolsonarização das forças policiais do país. Isso porque envolvem um oficial da ativa, com cargo de comando e na PM do Estado mais populoso.

Doria tem insistido que não há contaminação na tropa paulista, mas o incidente acendeu um alerta no Palácio dos Bandeirantes.

"São Paulo tem orgulho da sua Polícia Militar, a mais bem treinada do Brasil. Indisciplina não será admitida na PM, que respeita suas regras e suas funções", disse o governador ao jornal "Folha de S.Paulo".

PROTESTO

Em redes sociais, o coronel Lacerda havia convocado "amigos" para o 7 de Setembro bolsonarista, que vem sendo promovido pelo presidente em meio à crise institucional com o Judiciário para angariar apoio.

Também criticou Doria, seu chefe, a quem chamou de "cepa indiana", numa analogia com a variante delta do novo coronavírus. Fez ataques a Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara que integrou o governo paulista na semana passada, ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e a ministros do Supremo.

João Dória discursa no Centro de Convenções de Vitória
João Dória discursa no Centro de Convenções de Vitória em evento do PSDB. (Ricardo Medeiros)

Com efeito, todos estão na trincheira contrária à de Bolsonaro em disputas políticas. Doria quer ser candidato à Presidência em 2022, e Pacheco é estimulado pelo cacique Gilberto Kassab (PSD) a entrar na disputa pelo seu partido.

Ele também apoiou a pauta do voto impresso, derrotada na Câmara, mas transformada em desculpa prévia de Bolsonaro para tumultuar o processo eleitoral do ano que vem, no momento em que amarga grande rejeição nas pesquisas.

Oficiais da reserva da PM paulista já haviam se manifestado em favor, como o notório apoiador do presidente Ricardo de Mello Araújo, ex-comandante do batalhão de elite Rota e hoje diretor-geral da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

A estatal federal, que teve a estadualização barrada por Bolsonaro, é vista no governo paulista como um centro de difusão de apoio ao presidente. Ele já visitou o local, fazendo um discurso agressivo e sendo recebido com festa.

O movimento é acompanhado com discrição pelo governo Doria. A relação do tucano com a PM já teve altos e baixos, e é aberto o intuito bolsonarista de buscar manifestações de apoio na corporação.

Não só em São Paulo. Governadores de estados nordestinos liderados por opositores de Bolsonaro, como Bahia, Ceará, Pernambuco e Maranhão, vivem em estado de alerta devido à penetração do Planalto em suas tropas.

Dois incidentes são mencionados sempre: o apoio que Bolsonaro deu ao motim da PM do Ceará no começo de 2020, quando resistiu a enviar forças federais a pedido do governo petista do Estado, e a ação de policiais de Recife contra manifestantes contrários ao presidente, em maio.

Mais do que uma eventual ruptura com apoio do estamento fardado das Forças Armadas, o que preocupa mais especialistas no cabo de guerra que Bolsonaro insiste em manter com as instituições é a agitação de polícias estaduais.

O próprio Doria chamou isso de milicianização das PMs, ao acusar Bolsonaro da prática no episódio do motim cearense. Com seu discurso armamentista e a proximidade do seu clã familiar com o mundo das milícias de ex-policiais do Rio, o quadro envolvendo o presidente se desenha claro.

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O 7 de Setembro deste ano ganha ares conflituosos com a crise. Em São Paulo, Doria concedeu o uso da Avenida Paulista para os manifestantes pró-Bolsonaro porque eles fizeram o pedido antes. A Justiça determina que apenas um grupo político ocupe a via por vez, para evitar confrontos.

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