BRASÍLIA - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu licença do cargo na Câmara dos Deputados para viver nos Estados Unidos "para buscar sanções aos violadores dos direitos humanos". Em postagem publicada nas redes sociais, ele diz ser alvo de perseguição, critica o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e chama a Polícia Federal de "Gestapo", polícia secreta da Alemanha nazista.
Em entrevista ao canal “Conversa Timeline”, no YouTube, ele chorou ao cogitar a possibilidade de nunca mais ver o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. “É claro que ele queria ver o filho perto dele”, disse. Ele então escondeu o rosto para conter as lágrimas. “É uma possibilidade real de eu nunca mais ver meu pai.”
"Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem", disse.
O mandato será assumido pelo missionário José Olímpio (PL-SP), segundo suplente do partido. Ele foi deputado federal por dois mandatos, entre 2011 até 2019, quando exerceu o cargo pelo PP e, depois, pelo DEM. O regimento da Casa diz que o suplente assume a cadeira após 120 dias de vacância.
O PL, partido de Eduardo, foi pego de surpresa pela decisão. Questionado pelo Estadão se sabia do plano de Eduardo — que também exerce a função de secretário de Relações Internacionais na sigla —, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral do partido, afirmou que soube da informação pelas redes sociais, assim como a imprensa. Marinho disse que vai se informar sobre a situação e que não conhece todas as informações que levaram à decisão do deputado.
Eduardo era o favorito para assumir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), o que era alvo de contestação do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O parlamentar deseja que o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS) seja o presidente do colegiado.
Zucco diz que também tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. "A indicação do meu nome também foi endossada pelo presidente Jair Bolsonaro. Como bom soldado que sempre fui, recebo a indicação do meu nome como uma missão a ser cumprida", afirmou.
Eduardo afirmou que a decisão foi difícil, mas que era a melhor forma de "pressionar" Alexandre de Moraes, já que, o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai do deputado, "está condenado".
"A gente está vendo uma maneira de pressionar Alexandre de Moraes a parar esse pacote de maldades dele. Eu acho que todo mundo já entendeu que no Brasil não existe possibilidade de defender esse jogo. Você pode botar o Ruy Barbosa para defender o pessoal do 8 de Janeiro ou Jair Bolsonaro. Ele já está condenado", disse Eduardo. "Vai ser preciso fazer uma exposição pública do que ele está fazendo, das atrocidades que está cometendo, para causar um constrangimento, e, quem sabe até, sanções contra ele. Porque você tem que ir onde está o conforto da pessoa."
O deputado está em sua quarta viagem aos Estados Unidos apenas neste ano. A primeira ocorreu no começo de janeiro, quando ele foi ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para acompanhar a posse do presidente americano Donald Trump.
No começo deste mês de março, Eduardo já manifestou preocupação em ter o passaporte apreendido caso voltasse ao Brasil. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse, na semana seguinte, que só aceitaria na presidência do colegiado caso estivesse “sem passaporte”.
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