O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) vai enfrentar seu sucessor no cargo, Marcelo Crivella (Republicanos), no segundo turno da eleição para a capital do Rio de Janeiro. Com 100% das urnas apuradas no início da madrugada desta segunda (16), Paes teve 37% dos votos válidos, e Crivella, 21,9%. O atual prefeito superou a concorrência das deputadas Martha Rocha (PDT), com 11,3%, e Benedita da Silva (PT), com 11,27%.
Os dois candidatos que permanecem na disputa superam, assim, as operações policiais de que foram alvos às vésperas do início da campanha. Ambos também disputam graças a liminares concedidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que suspenderam os efeitos de condenações do TRE-RJ que os tornavam inelegíveis.
O candidato do DEM larga com ampla vantagem sobre o atual prefeito no segundo turno, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no sábado (24). Na simulação de segundo turno que se confirmou nas urnas, Paes tinha 57% da preferência do eleitorado, contra 22% de Crivella.
Pesa contra o candidato do Republicanos uma altíssima taxa de rejeição, que chegava a 62% no sábado. Crivella deve reforçar a aposta na vinculação de sua imagem à de Jair Bolsonaro, como fez ao longo do primeiro turno, a fim de garantir os eleitores que apoiam o governo do presidente (28% na capital, segundo pesquisa divulgada na quinta-feira).
A tendência é que Paes obtenha o apoio dos principais adversários, incluindo PT e PDT. A oposição a Bolsonaro vê um eventual fracasso de Crivella como uma forma de impor derrota ao presidente em seu colégio eleitoral.
O ex-prefeito deve centrar sua campanha na comparação entre a sua administração e a do atual prefeito, mal avaliada. Deve apostar na imagem de bom gestor. "A cidade precisa de gestão, de alguém que dê solução para os problemas. O carioca sabe a tragédia que representa a gestão Crivella. Sua rejeição tem a ver com sua péssima administração", disse Paes na noite deste domingo, em entrevista à imprensa.
Crivella, por sua vez, apontará um suposto caos financeiro deixado por Paes como a causa de problemas em sua gestão, bem como destacar casos de corrupção na administração do adversário. "Bom gestor é quem escolhe secretário que não rouba e não é preso", afirmou Crivella ao votar, em referência ao ex-secretário de Obras da gestão Paes, Alexandre Pinto, que confessou ter recebido propina e implicou o ex-prefeito no esquema de corrupção.
Também concorreram na disputa o deputado Luiz Lima (PSL), a deputada Renata Souza (PSOL), o economista Eduardo Bandeira de Melo (Rede), o vereador Paulo Messina (MDB), a deputada Clarissa Garotinho (Pros), a ex-juíza Glória Heloiza (PSC), o economista Fred Luz (Novo), Cyro Garcia (PSTU), Suêd Haidar (PMB) e Henrique Sominard (PCO).
A campanha eleitoral na cidade começou tendo como marco operações policiais que atingiram os dois que chegam ao segundo turno. Paes foi alvo de busca e apreensão em razão de uma acusação por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral pela prática de caixa dois na eleição de 2012 com recursos da Odebrecht. Ele se tornou réu e responde pelos supostos crimes na Justiça Eleitoral.
Crivella, por sua vez, também sofreu buscas em sua casa e gabinete numa investigação sobre um suposto esquema de cobrança de propina dentro da prefeitura. Ainda não há denúncia nesse caso. O atual prefeito também sofreu um revés no TRE-RJ no início da campanha ao ser condenado por conduta vedada a agentes públicos na campanha de 2018.
A Justiça entendeu que ele convocou funcionários da Comlurb (empresa pública de limpeza urbana) para ato de pré-campanha de seu filho Marcelo Hodge Crivella, candidato a deputado federal -ele não foi eleito.
A Lei da Ficha Limpa impede a candidatura de pessoas condenadas por órgãos colegiados por conduta vedada.
Condenação pela mesma infração recai sobre Paes em decisão do TRE-RJ de 2017. Os desembargadores viram irregularidade no fato do deputado Pedro Paulo (DEM) ter apresentado em 2016 como programa de governo para a Prefeitura do Rio de Janeiro o resultado de uma consultoria contratada pelo próprio município durante a gestão Paes.
Paes obteve uma liminar no TSE para concorrer em 2018. O tribunal ainda não julgou o mérito do recurso. O relator do processo, ministro Luiz Felipe Salomão, disse que manifestará seu voto após a eleição.
Crivella também obteve uma decisão provisória para concorrer. O relator do caso do atual prefeito, ministro Mauro Campbell, já manifestou seu voto a favor da manutenção da candidatura do atual prefeito.
Neste cenário, Martha tentou se apresentar como uma terceira via. A mistura de nome de urna com a referência a delegada e as pautas de esquerda, porém, não foi suficiente para atrair votos de eleitores progressistas ou próximos do bolsonarismo.
A pedetista tentou ameaçar a polarização entre Paes e Crivella, mas os ataques que sofreu dos dois ao longo da campanha frearam sua evolução.
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