A ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) disse nesta quinta-feira (27) que a deputada federal Flordelis dos Santos Souza (PSD-RJ), denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeita de ser a mandante do assassinato do ex-marido, Anderson do Carmo, enganou todo o Brasil.
A ministra, que já fez elogios públicos e aparece em fotos ao lado de Flordelis, se disse indignada e triste, e afirmou que o relatório da polícia é "robusto".
"Eu estou triste. Temos que aguardar o resultado final, mas o que me parece, presidente, é que o relatório da polícia é robusto. [Estou] indignada de [ela] ter usado a fé, usado os irmãos, igreja. A igreja brasileira é uma igreja séria. Indignada. Muito triste. Ela enganou todo o Brasil. Ela não enganou só o segmento evangélico. Ela enganou a nação inteira. Nós estamos muito tristes com isso e vamos aguardar agora o resultado da Justiça", disse Damares, que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua live semanal.
Flordelis foi denunciada por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica. Com imunidade parlamentar, ela não foi presa. Apenas os flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão de deputados.
Segundo o promotor Sergio Lopes Pereira, quando Flordelis convence um dos filhos sobre o plano de matar o pastor, em uma troca de mensagens, ela fala sobre o crime. "'Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus'". E então resolve matar. "Ou seja, nessa lógica torta, o assassinato escandalizaria menos", diz Pereira.
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado a tiros na madrugada do dia 16 de junho de 2019, na porta de sua casa em Niterói, no Rio de Janeiro. De acordo com os investigadores, a deputada teria sido responsável por arquitetar o crime e convencer os demais investigados a participarem da execução, além de simular latrocínio (roubo seguido de morte).
A ministra afirmou ter conhecido Flordelis em 2013 e que se aproximou da agora parlamentar por causa da temática da adoção.
"A história que ela contava para o Brasil, e contou para nós, era uma história linda de adoção. Em 2013 conheci ela, me apaixonei por aquela história, um monte de criança adotada, e quando ela foi eleita deputada me procurou já como ministra. E antes mesmo de eu assumir, me procurou lá no Senado para falar sobre adoção. A minha ligação com ela era a pauta da adoção", disse.
Na transmissão, Damares pediu que pauta da adoção não fosse afetada "com essa história absurda dessa mulher que dizia amar criança".
"Vamos continuar adotando no Brasil, vamos continuar colocando a adoção no nosso coração."
Bolsonaro também disse ter registros ao lado de Flordelis.
"Foto da Flordelis com ela, comigo. E nós aguentamos pancada aqui, nós temos couro grosso, não tem problema nenhum. A gente fica chateado é que a minha esposa [a primeira-dama Michelle Bolsonaro] também tirou foto com ela e roda na internet, tá certo? Tudo bem."
Na mesma live, Damares abordou a história da criança de 10 anos que foi estuprada e hostilizada quando foi a um hospital fazer um aborto legal.
Segundo a ministra, o governo Bolsonaro não patrocinará qualquer alteração na legislação em vigor no país que permite aborto em casos de estupro, de risco de vida à mulher e feto anencéfalo.
"Isso é um assunto do Congresso Nacional, o Congresso Nacional que decida por lá. O que nós vamos fazer, especificamente neste caso, continuar acompanhando e a gente proteger essa menina em tudo que ela precisar e inclusive saber se ela vai ficar melhor com a família ou em outro lugar. Mas nós vamos dar o acompanhamento a essa menina até o final das investigações", afirmou.
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