A Amazônia perdeu uma área equivalente a 270 mil km² entre os anos 2000 e 2018. No período, a maior floresta tropical do planeta viu desaparecer 8% de sua cobertura, substituída, principalmente, por áreas de pastagem.
Para efeito de comparação, o tamanho da perda territorial da Amazônia representa, em termos absolutos, o sumiço de um espaço maior do que todo o estado de São Paulo, que possui área em torno de 248 mil km².
Os números fazem parte das Contas de Ecossistemas: Uso da Terra nos Biomas Brasileiros (2000-2018), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados na manhã desta quinta-feira (24).
O estudo mostrou que a redução na vegetação florestal amazônica foi a maior entre as coberturas naturais dos biomas brasileiros no período analisado.
As áreas de pastagem tiveram um aumento de 71%, passando de 248,8 mil km², em 2000, para 426,4 mil km², em 2018, o que evidenciou uma fragmentação da paisagem da região, segundo o IBGE.
Dados do Inpe já haviam mostrado que, atualmente, a Amazônia continua registrando aumento de queimadas. Em julho, o bioma apresentou crescimento de 28% no número de focos de calor em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), maior registro desde 2017 e, antes disso, desde 2006.
De acordo com o IBGE, as perdas na Amazônia não foram as únicas entre os biomas terrestres brasileiros entre 2000 e 2018. No total, uma cobertura natural de quase 500 mil km² desapareceu do território nacional.
O Cerrado foi o segundo mais prejudicado, com perda de 152,7 mil km². A maior explicação é a expansão contínua e acelerada da agricultura, com crescimento de 102,6 mil km².
No ano passado, dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), apontaram crescimento de 15% de desmate em unidades de observação. De acordo com a ONG WWF-Brasil, mais da metade do Cerrado já foi convertido para ambiente urbano ou para atividades agropecuárias.
Já a maior perda percentual de área territorial entre os biomas brasileiros de 2000 a 2018 foi no Pampa, que teve um recuo de 16,8% de sua área natural. De acordo com o IBGE, o terreno foi convertido em usos antrópicos, ou seja, pela ação do homem.
Um dos principais motivos para a redução territorial do Pampa pode ser pelo aumento no plantio de soja, pois quando se suprime a vegetação para introduzir uma monocultura do produto, se troca um sistema que evolui ecologicamente para o equilíbrio por uma única vegetação, segundo mostrou reportagem da Folha.
No ano passado, dados coletados por satélite em estudo do Inpe já haviam mostrado que, em 2016, 43,7% da vegetação nativa estava suprimida, ou seja, desmatada.
Já o Pantanal, que atualmente vem sofrendo com queimadas, foi o que menos sofreu de 2000 a 2018, segundo o IBGE, com diminuição de 1,6% de seu território.
Na última terça-feira (22), a Folha mostrou que focos de incêndio iniciados em nove fazendas locais destruíram 141.773 hectares de vegetação, uma área pouco menor do que o município de São Paulo.
O levantamento é da ONG Repórter Brasil, após cruzamento de dados do ICV (Instituto Centro de Vida) com os dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Desde o início do ano até domingo (20), a área queimada no Pantanal alcançou 3.179.000 hectares, o equivalente a 21,2% do bioma.
Mesmo com a diminuição territorial dos biomas brasileiros desde o ano 2000, o IBGE ressaltou que, apesar de todos os biomas terem saldo negativo, a perda vem diminuindo de magnitude ao longo dos anos.
A desaceleração mais considerável ocorreu na Mata Atlântica, que sofre a ocupação mais antiga e intensa na natureza brasileira, de acordo com o IBGE. Entre 2016 e 2018, a perda foi de 577 km². Porém, o local conserva atualmente apenas 16,6% de suas áreas naturais, o menor percentual entre os biomas.
Na Caatinga, a redução foi de 17,1 mil km² desde o ano 2000, sendo 1,6 mil km² de 2016 a 2018. De acordo com o IBGE, o registro é um decréscimo na supressão de áreas naturais. O bioma possui atualmente 36,2% de seu território sob influência antrópica.
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