Em pronunciamento online na Assembleia Mundial da Saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), o ministro interino da Saúde brasileiro, general Eduardo Pazuello, falou em diálogo entre os três níveis de governo, ajuda às regiões Norte e Nordeste do país e no ajuste de protocolos do Ministério da Saúde "baseado em evidências", sem citar a intenção da pasta de ampliar o uso da cloroquina.
Na Assembleia da OMS, os países tiveram cerca de dois minutos cada para expor suas estratégias de combate ao coronavírus. O Brasil tornou-se o quarto com mais casos no fim de semana ao ultrapassar Itália e Espanha, duramente atingidos pela pandemia.
Após a saída de Nelson Teich, o Ministério da Saúde passou a elaborar um novo protocolo para uso da cloroquina também em pacientes com quadro leve pelo novo coronavírus, mesmo sem evidências científicas que apontem eficácia e na contramão de estudos recentes. Atualmente, o protocolo adotado pela pasta prevê o uso do medicamento apenas em pacientes graves.
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Em inglês, Pazuello afirmou que "o governo federal acessa diariamente a situação dos riscos e apoia cidades e estados com os recursos necessários para reduzir os efeitos da pandemia".
No relatório sobre como o Brasil vem combatendo a pandemia, Pazuello citou "duas estruturas: o comitê de crise, coordenado pela Presidência, e o comitê de emergência operacional, coordenado pelo Ministério da Saúde".
Segundo ele, as "missões" de cada estrutura são, respectivamente, "monitorar e coordenar medidas interministeriais" e "definir estratégias e ações relacionadas com essa emergência de saúde pública".
"Como sabemos o Brasil tem tamanho continental e diferenças regionais importantes, que requerem estratégias apropriadas para responder a cada uma delas, através de diálogo entre os três níveis de governo, com foco nas regiões Norte e Nordeste, que têm desafios particulares", afirmou o ministro interino.
Em suas primeira declarações como então secretário-executivo do Ministério da Saúde em 27 de abril, após a saída de Luiz Henrique Mandetta, o general Eduardo Pazuello há havia defendido a aplicação de medidas isoladas e específicas para cada região do país no enfrentamento ao novo coronavírus como forma de manter o país "funcionando, trabalhando e produzindo". A OMS, porém, defende ações mais rígidas como quarentena para conter a disseminação do coronavírus.
Segundo Pazuello, o Ministério da Saúde "tem ajustado seus protocolos, baseado em evidências e na necessidade das regiões mais afetadas".
O ministro interino disse que "gostaria de reforçar o compromisso do Brasil em apoiar e participar de iniciativas internacionais".
Ele citou o estudo Solidarity, que compara tratamentos em vários países e que, segundo Pazuello, "reforça a cooperação internacional e procura garantir o acesso universal a diagnóstico, tratamento e vacinas, permitindo que salvemos vidas e voltemos em segurança ao normal, sem deixar ninguém para trás".
Pazuello expressou "profunda solidariedade para todas as famílias do mundo, especialmente do Brasil, por suas perdas para o Covid-19" e "profundo respeito e agradecimento a todos os profissionais de saúde e às pessoas envolvidas na linha de frente de combate [à pandemia]".
O próprio presidente Jair Bolsonaro demorou a expressar condolências aos parentes e amigos das vítimas da pandemia. Bolsonaro levou dois dias, por exemplo, para comentar o fato de o Brasil ter atingido a marca simbólica de 10 mil mortes em decorrência do novo coronavírus e disse que lamentava a perda de vidas, mas seguiu defendendo a necessidade de reabrir a economia. O salto foi de mais de 50% nas mortes em sete dias.
Nesse último fim de semana, o Brasil superou a Itália e a Espanha em número de casos e é agora o quarto com mais casos no mundo, atrás apenas de EUA, Rússia e Reino Unido.
Enquanto os países europeus veem a pandemia desacelerar e começam a reabrir suas economias, o Brasil registrou seu recorde de óbitos em 24 horas na terça-feira (12), com 881 mortes decorrentes da Covid-19, ocupa a sexta posição no ranking global de óbitos da nova doença e deve começar a registrar a marca de mil mortes por dia, escalando ainda mais no ranking de países mais problemáticos em relação ao avanço da doença.
Os cinco primeiros são EUA (88 mil), Reino Unido (35 mil), Itália (32 mil), França e Espanha (ambas com cerca de 28 mil). No entanto, a Rússia, vice-campeã de casos, lista menos de 3.000 mortes, um alvo de desconfiança interna e externa.
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