O Ministério da Saúde afirmou nesta sexta-feira (10) que não deve vacinas da Astrazeneca para serem aplicadas como segunda dose na campanha de imunização contra a Covid em São Paulo.
Segundo a pasta, se as pessoas não encontram o imunizante nos postos de saúde do estado, é porque o governo de João Doria (PSDB) aplicou na primeira dose injeções que deveriam ter sido reservadas para a segunda.
A afirmação foi feita após o governo de São Paulo dizer que os municípios paulistas estão impossibilitados de aplicar a segunda dose da Astrazeneca porque o governo federal deixou de enviar o imunizante.
O Ministério da Saúde afirmou que dados inseridos por São Paulo no LocalizaSUS mostram que o estado utilizou 13,99 milhões de aplicações da primeira dose e 6,67 milhões da segunda.
"Até o momento, foram entregues ao estado 12,4 milhões de dose 1 e 9,2 milhões de dose 2 da Astrazeneca. Os 2,8 milhões de doses [que completam a diferença] não foram enviados porque o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no final do mês", disse a pasta, em nota.
O jornal Folha de S.Paulo perguntou se o Ministério da Saúde pretende enviar novas doses para corrigir o problema em São Paulo ou se aconselha o estado a substituir a aplicação da Astrazeneca por outro imunizante, já que há estudos demonstrando vantagens na mistura de algumas vacinas. No entanto, a reportagem não obteve resposta.
O ministério destacou apenas que os estados e municípios devem seguir o plano de vacinação. "As alterações nas recomendações do Programa Nacional de Imunizações acarretam na falta de doses para completar o esquema vacinal na população brasileira."
Em agosto, porém, como a Folha de S.Paulo mostrou, o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a sugerir que São Paulo usasse doses reservadas para a segunda aplicação a fim de suprir a falta de imunizantes da Pfizer.
Em relação à Astrazeneca, segundo a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, o governo federal deixou de enviar cerca de 1 milhão de doses da vacina para São Paulo. Essa seria a explicação para a falta de injeções no estado. A gestão Doria chamou a falta de vacinas de "apagão".
"O prazo de aplicação destas doses começou a vencer no dia 4 de setembro. Também precisaremos receber pelo menos mais 1,4 milhão de doses até o dia 20 setembro para concluir os esquemas vacinais deste mês", afirmou a secretaria, em nota.
O órgão estadual disse que cobrou o envio de novas doses na última semana e que um novo ofício foi enviado ao governo federal nesta quinta-feira (9).
"Em eventual indisponibilidade de mais remessas da AstraZeneca, o estado aguarda envio imediato de doses da Pfizer para suprir esta demanda e concluir os esquemas em conformidade com a solução de intercambialidade indicada pelo próprio PNI [Plano Nacional de Imunização] do Ministério da Saúde", diz o governo Doria.
Essa não é a primeira vez que os governos Doria e Jair Bolsonaro criam polêmicas sobre a distribuição de doses. No início do mês passado, o tucano ameaçou ir à Justiça para cobrar o envio de 228 mil doses da Pfizer para vacinar adolescentes.
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