O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a citar o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV nesta terça-feira (31). O discurso do presidente foi acompanhado de panelaços em vários pontos do país, inclusive no Espírito Santo.
Mais cedo, em conversa com jornalistas e apoiadores, Bolsonaro não colocou o contexto em que a declaração foi dada e omitiu trecho do discurso em que Tedros afirma que governos de todo o mundo precisam garantir assistência a pessoas mais vulneráveis e informar sobre a duração das medidas de restrição de movimentação das pessoas.
Tedros usou sua conta no Twitter para esclarecer o assunto na tarde desta terça-feira. "Pessoas sem renda regular ou qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que lhes garantam dignidade e permitam a elas seguir as medidas de saúde pública contra covid-19 aconselhadas pelas autoridades médicas e a OMS."
Na contramão do que defende o ministério da Saúde e a OMS, o presidente está tentando afrouxar as medidas de isolamento para o combate ao novo coronavírus. No último domingo, 29, um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir para não menosprezar a gravidade da pandemia do novo coronavírus em suas manifestações públicas, Bolsonaro foi às ruas de Brasília e causou aglomerações ao visitar vários comércios locais ainda abertos.
A atitude, de acordo com especialistas, pode enquadrar o mandatário no artigo 268 do Código Penal ou na Lei de Responsabilidade.
Apesar da tensão com o ministro da Saúde, Bolsonaro indicou nesta terça que Mandetta vai continuar no cargo. Comigo ninguém vai viver sob tensão, está bem o Mandetta, disse Bolsonaro.
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