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Empresa admite que autor de denúncia de propina intermediou negociação da vacina com ministério

Empresa admite que autor de denúncia de propina intermediou negociação da vacina com ministério

Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirmou em entrevista ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose da vacina para fechar contrato com o Ministério da Saúde

Publicado em 1 de julho de 2021 às 10:08

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ministério da saúde
Ministério da Saúde: suspeita em contrato para compra de vacina. (Marcello Casal/Agência Brasil)

A informação foi divulgada em nota enviada à imprensa na noite desta quarta-feira (30).

Na terça-feira (29), Dominguetti disse à Folha de S.Paulo que Roberto Ferreira Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde, cobrou a propina em um jantar no dia 25 de fevereiro, em Brasília. Dias foi exonerado após a denúncia. O vendedor de vacinas vai depor à CPI da Covid nesta quinta-feira (1).

A empresa afirmou na nota que Dominguetti não tem vínculo empregatício e atua como vendedor autônomo. Segundo a nota, ele foi o responsável por apresentar o grupo a Roberto Ferreira Dias.

"Nesse caso, ele apenas intermediou a negociação da empresa com o governo, apresentando o senhor Roberto Dias", disse.

Dias foi exonerado do cargo pelo governo após as declarações de Dominguetti à Folha de S.Paulo. A empresa disse desconhecer a denúncia.

"Sobre a denúncia relatada por Dominguetti, de que o Ministério da Saúde teria solicitado uma 'comissão' para a aquisição das vacinas, a Davati afirma que não tem conhecimento", afirmou.

A Davati também afirmou que o seu representante no país é Cristiano Alberto Carvalho, que aparece em e-mails trocados com o governo e a empresa nas negociações da vacina.

Os dois (Carvalho e Dominguetti) atuaram juntos nesta negociação, segundo contou o representante da empresa à Folha de S.Paulo. A reportagem, inclusive, chegou a Dominguetti por meio de Carvalho. Segundo ele, Dominguetti representa a Davati desde janeiro.

Segundo a nota da Davati, Carvalho teria informado à empresa sobre a necessidade do Brasil de adquirir vacinas para combate à Covid-19.

A Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5).

"A empresa localizou um distribuidor que afirmou ter uma alocação de produção de aproximadamente 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca®. A Davati, então, por iniciativa própria, contatou o governo brasileiro para verificar se havia interesse nessas doses e se disponibilizou para intermediar. Este é um procedimento normal de negociação, praticado por todos os alocadores e distribuidores", disse.

Segundo a Davati, o contato se deu através de email, enviado em 26 de fevereiro deste ano pelo executivo Herman Cardenas, CEO da empresa, a Roberto Dias.

O e-mail foi trocado às 8h50, por meio do endereço funcional de Dias, "[email protected]", e "[email protected]" -"dlog" é como o departamento de logística é chamado. Na conversa, Luiz Paulo Dominguetti Pereira é citado como representante da empresa.

"Este ministério manifesta total interesse na aquisição das vacinas desde que atendidos todos os requisitos exigidos. Para tanto, gostaríamos de verificar a possibilidade de agendar uma reunião hoje às 15h, no Departamento de Logística em Saúde", diz a mensagem.

"Na oportunidade, o único representante credenciado da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, compareceu ao Ministério da Saúde para tratar sobre a possível negociação, que no decorrer dos dias seguintes não evoluiu, visto que a empresa não recebeu retorno do governo brasileiro com formalização do interesse ou perspectiva de fechamento do negócio, com uma Carta de Interesse", disse a empresa.

Dominguetti relatou à Folha de S.Paulo também ter ido ao Ministério da Saúde para tratar da negociação de compra das vacinas com Dias na mesma data.

Segundo ele, o encontro na Saúde não evoluiu. "Aí ele [Dias] me disse: 'Fica numa sala ali'. E me colocou numa sala do lado ali. Ele me falou que tinha uma reunião. Disso, eu recebi uma ligação perguntando se ia ter o acerto. Aí eu falei que não, que não tinha como."

CGU ABRE INVESTIGAÇÃO

O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, disse nesta quarta-feira (30) que abrirá investigação sobre suposto pedido de propina feito em negociação do governo Jair Bolsonaro por vacinas, revelado pela Folha, e confirmou qu Dominguetti esteve no Ministério da Saúde

O Grupo Davati é uma holding fundada pelo empresário Herman Cardenas, com sede no Texas, Estados Unidos, que possui vários negócios no estado. A Davati Medical Supply é uma subsidiária do Grupo Davati, que desde 2014 também atua como distribuidora em todo o mundo.

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