Em depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira (30), o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury afirmou que não tem relação com o presidente Jair Bolsonaro e que um não influencia o outro na divulgação de conteúdo nas redes, incluindo fake news.
O empresário negou veementemente ser propagador de notícias falsas. Fakhoury é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no âmbito dos inquéritos dos atos antidemocrático e das fake news.
Fakhoury afirmou que sua falta de relação com o presidente Jair Bolsonaro ficou evidente quando a Polícia Federal apreendeu seu celular e não encontrou contatos com o chefe do Executivo.
"Sou só apoiador e não tenho relação pessoal com o presidente da República", afirmou.
O empresário também foi questionado sobre sua relação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e se os dois teriam um plano para abrir uma rádio conservadora. Informações no âmbito do inquérito das fake news mostram um diálogo entre os dois nesse sentido.
Fakhoury respondeu que apenas pediu indicação a Eduardo Bolsonaro sobre eventuais rádios que poderiam ser negociadas. Ele afirmou também que nunca houve tentativa de utilizar o BNDES, apenas a busca de informações por linhas de crédito fornecidas pelo banco para empresas.
O empresário também acrescentou que nunca financiou a propagação de discurso de ódio e se diz vítima de campanhas difamatórias.
"Por vezes, fui alvo de campanhas difamatórias. Fui acusado injustamente e caluniado como propagador de fake news, sem jamais ter produzido uma única notícia falsa. Aliás, eu não produzo notícia, eu não sou jornalista; eu sou um cidadão com opinião", afirmou.
"Também fui injustamente acusado de financiador de discurso de ódio, sem jamais ter pago por qualquer matéria ou notícia, tudo porque eu ousei acreditar na liberdade de expressão e defender que os conservadores e os cristãos merecem um espaço no debate público; que os conservadores e os cristãos devem ter voz na mídia e espaço para defender suas ideias, suas opiniões e suas perspectivas", completou.
Fakhoury afirmou que não realizou doações de campanha para o então candidato a presidente Jair Bolsonaro.
O empresário, no entanto, confirmou que financiou a produção de material de campanha em 2018, mas que disse que era de forma espontânea e não para a campanha oficial de Jair Bolsonaro.
O assunto foi levantado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), que afirmou ter informações no âmbito do inquérito das fake news que confirmavam o financiamento de material de campanha.
"O senhor Fakhoury foi acusado de ter bancado material de divulgação de campanha de Bolsonaro na campanha eleitoral à Presidência da República em 2018, mas sem declarar à Justiça Eleitoral", disse Renan.
"A Polícia Federal encontrou, no computador do Sr. Otávio Fakhoury, notas fiscais emitidas por duas gráficas do Nordeste relativas à campanha eleitoral. Segundo os documentos, foram impressos 560 mil itens de propaganda eleitoral para Bolsonaro, como panfletos e adesivos com a foto do candidato e a proposta de campanha para a Presidência da República", completou o relator.
Fakhoury depois reconheceu a iniciativa, mas disse que não era ligado à campanha de Bolsonaro.
"Foi uma campanha que foi feita pelas pessoas, o presidente estava acamado com uma facada. As pessoas, por livre e espontânea vontade, imprimiam o seu material, saíam nas ruas", afirmou.
"Este valor que foi relatado no inquérito foi um valor que eu fiz de ajuda para grupos, nada tem a ver com a campanha, que estavam imprimindo o próprio material. Grupos em estados do Nordeste que estavam imprimindo o próprio material para distribuir na rua [...]. E eles me pediram se eu podia ajudá-los e assim eu fiz. Cada um imprimiu seu material, ninguém deles, nenhum deles é ligado à campanha", afirmou.
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