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Empresário se ofereceu para pagar reforma da estátua de Borba Gato

Empresário se ofereceu para pagar reforma da estátua de Borba Gato

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que ainda não sabe qual o valor necessário para restaurar a estátua; incêndio foi registrado no sábado (24)

Publicado em 26 de julho de 2021 às 15:30

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Incêndio na estátua de Borba Gato
incêndio na estátua de Borba Gato. (Reprodução/Rede Social )

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse nesta segunda-feira (26) que ainda não sabe qual o valor necessário para restaurar a estátua do Borba Gato, em Santo Amaro, zona sul, que foi incendiada no sábado (24), mas que um empresário se prontificou a pagar a reforma.

"Não vou falar quem é a pessoa, para não propagandear", explicou Nunes. Ele acrescentou que o empresário já entrou em contato com a prefeitura propondo a doação do valor necessário para a restauração da obra.

O prefeito também criticou a ação. "Quero externar que [o incêndio] foi lamentável e [um] ato de vandalismo. Não é com vandalismo que vamos discutir questões", afirmou Nunes.

O prefeito disse ainda que vai aguardar um relatório do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico), cuja a data de conclusão não foi informada, para mensurar os estragos estruturais na estátua e, depois disso, definir os valores necessários para o restauro.

Até o momento, o que já se sabe sobre o caso é que, por volta das 13h30 de sábado, um grupo desembarcou de um caminhão e espalhou pneus na avenida Santo Amaro e em torno do monumento, ateando fogo e seguida. Um movimento chamado Revolução Periférica assumiu a autoria do incêndio.

Policiais militares e bombeiros chegaram na sequência, controlaram as chamas e liberaram o tráfego. O ato terminou sem feridos nem detidos.

Após o fogo ser controlado, pessoas favoráveis e contrárias à ação foram até perto do monumento. Carros que passavam pelo local se manifestaram de forma crítica ao vandalismo.

A Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar também foram até o local vigiar a estátua, enquanto agentes da Polícia Civil iniciavam as investigações.

Nas redes sociais, circulou um vídeo que mostra o momento em que membros do grupo se aproximam da estátua com pneus. O perfil do Revolução Periférica repostou as imagens.

Em outro vídeo, postado nas redes sociais no dia 14 de julho, um dos integrantes do grupo afirma que Borba Gato contribuiu ativamente para o genocídio da população indígena do país.

Na sexta-feira (23), um dia antes do incêndio, o grupo tinha publicado outro vídeo no qual alguns de seus membros aparecem colando cartazes pelas ruas da cidade com a frase "Você sabe quem foi Borba Gato?".

Na madrugada de domingo (25), policiais civis do 11º DP (Santo Amaro) prenderam um homem, apontado como suspeito de dirigir um caminhão, com o qual um grupo de pessoas foi levado até a estátua. Segundo a polícia, o caminhão estava com as placas adulteradas. A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) não havia se manifestado sobre atualizações da investigação, até a publicação desta reportagem.

Outros casos Essa não foi a primeira vez que a estátua se tornou foco de protesto. O monumento, assinado pelo escultor Júlio Guerra e inaugurado em 1962, é alvo frequente de críticas de grupos que defendem a retiradas de homenagens que exaltam pessoas ligadas ao passado brasileiro marcado pela escravidão, a colônia e a ditadura.

No ano passado, a ameaça de uma possível derrubada da estátua, que possui cerca de 13 metros de altura com o pedestal, fez com que a Subprefeitura de Santo Amaro solicitasse a instalação de gradis ao redor do bandeirante, além de o monumento ter sido vigiado 24 horas por dia pela Guarda Civil Metropolitana durante o período.

Em 2016, a estátua recebeu um banho de tinta. Na mesma ocasião, os responsáveis também pintaram o Monumento às Bandeiras, localizado em frente ao Parque do Ibirapuera.

O debate em torno da retirada de monumentos em São Paulo é antigo, mas se intensificou na esteira dos protestos contra o racismo que ocorreram em junho de 2020, após a morte do americano George Floyd.

O autor da escultura, Júlio Guerra, já afirmou que pretendia fazer uma obra que pudesse ser entendida claramente pelo povo.

Apesar das controvérsias, a estátua, até por seu tamanho, é um ponto de referência para quem circula pela avenida Santo Amaro e região.

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