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Empresários que defenderam golpe em mensagens no WhatsApp são alvos de operação da PF

Empresários que defenderam golpe em mensagens no WhatsApp são alvos de operação da PF

Oito bolsonaristas, entre eles Luciano Hang e dono da rede Coco Bambu, são alvos de mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF

Publicado em 23 de agosto de 2022 às 10:11

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura

FABIO SERAPIÃO (FOLHAPRESS),  FAUSTO MACEDO E TAYSSA MOTTA (AGÊNCIA ESTADO)

A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça (23) mandados de busca contra empresários que em um grupo de mensagens defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Lula (PT) vença Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.

Os alvos são: Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luciano Hang, da rede de lojas Havan; Luiz André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.

A operação foi aberta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal federal (STF). O Estadão apurou que a ordem foi expedida na última sexta-feira (19), depois que o portal Metrópoles revelou mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp dos empresários.

Além das buscas, o ministro Alexandre de Moraes também autorizou que os empresários sejam ouvidos pela PF.

Ministro Alexandre de Moraes na sessão plenária do STF
Ministro Alexandre de Moraes na sessão plenária do STF. (Nelson Jr./STF)

EMPRESÁRIOS NEGAM INTENÇÃO GOLPISTA

Após a divulgação das mensagens que defendiam golpe, Luciano Hang, dono da Havan, confirmou ao jornal Folha de S.Paulo que integra o grupo, mas disse que quase nunca se manifesta e em momento algum falou sobre os Poderes.

"Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história", disse Hang à Folha de S.Paulo. "Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso."

Questionada sobre as manifestações do fundador no grupo de empresários, a assessoria da Tecnisa informou que a companhia "não fala em nome de Meyer Nigri" e que ele "não é porta-voz da empresa".

"A Tecnisa é uma empresa apartidária, que defende os valores democráticos e cujos posicionamentos institucionais se restringem à sua atuação empresarial", informou, por meio de nota.

Afrânio Barreira, do grupo Coco Bambu, divulgou nota no qual afirma que nunca se manifestou a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática. Acrescenta que ações que visem a romper com a democracia não correspondem ao seu pensamento e posicionamento.

"A democracia é a chave para construção de um Brasil melhor. Valorizo, e muito, a oportunidade de conseguir votar e escolher os representantes de nosso povo brasileiro, e todo cidadão deveria ter a consciência da importância deste momento. Valorizo e sempre defenderei um processo eleitoral honesto e justo", afirmou o empresário, que acrescenta muitas vezes se manifestar com reações em "emoticon" a alguma mensagem, mas sem necessariamente estar endossando seu teor, ou ter lido todo o seu conteúdo.

"Não somos conspiradores nem a favor de nenhum golpe", disse o empresário José Koury, por meio de nota encaminhada por sua equipe de comunicação. "As mensagens obtidas em um grupo privado de amigos do WhatsApp foram deturpadas em seu sentido e contexto." Ainda segundo ele, os empresários são contra qualquer tipo de ditadura. Ele também disse que não iria comentar mais sobre o assunto.

A preocupação com investidas frequentes de grupos bolsonaristas contra a democracia levou entidades empresariais e da sociedade civil, políticos e cidadãos a endossarem cartas em defesa do Estado de Direito democrático no Brasil.

Ao Metrópoles, alguns empresários também se manifestaram negando que defendem um golpe de Estado ou que apoiam atos que sejam ilegítimos, ilegais ou violentos.

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