Ao comentar a ausência de questões no Enem sobre a ditadura militar (1964-1985), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o objetivo da prova "não é dividir, nem polemizar, nem doutrinar".
Levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostrou que a primeira edição do Enem sob o governo Jair Bolsonaro (PSL) foi também a primeira em ao menos dez anos que não trouxe nenhuma questão relativa à ditadura nas provas de ciências humanas e linguagens.
"A gente já pode começar falando em regime militar, ditadura militar. Essa é uma discussão que eu acho que a gente não vai caminhar para nenhum lugar", respondeu o ministro ao ser questionado sobre o assunto.
Weintraub afirma que, antes da realização da prova, não teve acesso a nenhuma questão. "E se não caiu [questões sobre a ditadura militar], eu não participei das escolhas das questões".
Em linha com o discurso do ministro, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Alexandre Lopes, declarou que a prova buscou cobrir toda a base curricular do Ensino Médio sem gerar polêmicas.
Neste domingo (3), os pouco mais 5 milhões de inscritos tiveram de responder a 90 questões distribuídas entre as áreas de linguagens (língua portuguesa, inglês ou espanhol e literatura), geografia, história, e uma redação cujo tema foi "Democratização do acesso ao cinema no Brasil".
Cerca de 3,9 milhões compareceram ao local de prova. A abstenção de 23%, segundo o ministro, foi a menor da história. Há registro de 376 pessoas eliminadas, por exemplo, por problemas de comportamento e por se recusar a fazer a análise biométrica. "Foi muito tranquilo. Eu esperava até mais probleminhas operacionais", disse Weintraub.
A segunda etapa do Enem ocorrerá no próximo domingo (10). A expectativa do governo é que a abstenção continue baixa. A Polícia Federal está ainda apurando o vazamento de uma imagem da prova do Enem. Uma pessoa que aplicava a prova é suspeita de ter cometido o ilícito, mas o ainda não foi divulgado o nome do acusado.
O ministro disse que fará o possível para punir o responsável. "O que a gente vai tentar é escangalhar ao máximo a vida dele. Eu sou a favor, sempre, que a pessoa que é um transgressor pague o preço da transgressão dela. Eu sou uma pessoa que acha que as punições no Brasil são leves", declarou Weintraub. E completou: "Vamos atrás dele. Não estamos mais no império romano. Não existe mais empalamento nem crucificação".
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