O presidente em exercício Hamilton Mourão (PRTB) disse, nesta terça-feira (16), que o governo não alterou questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e que elas são feitas de acordo com a metodologia do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
A cinco dias da primeira etapa da prova, o órgão passa por uma crise interna, após debandada de servidores e denúncias sobre o instituto.
A declaração de Mourão ocorre após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar, em Dubai, que as questões na prova começam a ter "a cara do governo".
"O presidente fez menção simplesmente a algo que é a ideia dele, pô. Tem liberdade para isso. E o Enem está baseado no banco de dados que foi construído há muito tempo, as questões não estão variando. O governo não mexeu em nenhuma questão do Enem", disse Mourão ao chegar ao Palácio do Planalto.
"Não houve (alteração nas questões do Enem). As questões aí são feitas de acordo com a metodologia do Inep", completou.
O presidente em exercício pediu ainda aos jornalistas para "baixar a bolinha". Mourão disse que Bolsonaro tem "uma maneira de se manifestar" e que não vai ficar tecendo críticas a ele, porque é seu vice.
O exame está marcado para começar no próximo domingo (21).
O Inep passou por uma debandada de funcionários. No último dia 8, 35 entregaram seus cargos, citando "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep". Três dias antes, outros dois também já haviam pedido exoneração. Eles se mantêm como servidores de carreira, no entanto.
Em viagem a Dubai, Bolsonaro disse ter conversado com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que teria assegurado a manutenção da prova.
"Agora, começam a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, temas de redação que não tinham nada a ver com nada", disse o mandatário.
Depois da fala do presidente, a comissão de Educação da Câmara pode votar ainda nesta terça-feira (16) pedido de convocação ao ministro da Educação para se explicar sobre a prova.
Já havia requerimentos nesse sentido desde o início do mês, mas o colegiado adiou sua ida ao acordar com o governo receber o presidente do Inep, Danilo Rupas Ribeiro. Ele esteve no colegiado semana passada, mas sua fala foi considerada muito ruim por congressistas.
"A acusação que os servidores trouxeram foi justamente o que o presidente acabou de confirmar", disse o deputado Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Mista de Educação e um dos autores do pedido de convocação.
Parte destes funcionários estava diretamente envolvida na organização da prova, marcada para os dias 21 e 28 de novembro. Sem entrar em detalhes, o presidente disse que estes servidores ganhavam salários excessivos.
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