O MME (Ministério de Minas e Energia) afirmou nesta quarta (18) que o fornecimento de energia elétrica aos 14 municípios do Amapá que sofreram um segundo blecaute total em menos de 20 dias, na noite de terça (17), foi restabelecido ainda durante a madrugada ao nível de 80% da capacidade do sistema, mesmo patamar de antes do novo apagão.
Neste novo apagão, apenas unidades de saúde e prédios públicos não ficaram no escuro. Segundo relatório do NOS (Operador Nacional do Sistema), o apagão mais recente se iniciou por volta de 20h30 de terça, durou pouco mais de quatro horas e foi seguido de outras duas interrupções antes do restabelecimento do fornecimento, à 1h08 desta quarta.
Em alguns pontos de Macapá, moradores relataram que a energia começou a voltar por volta de 23h, mas de forma oscilante. Em outros bairros, no entanto, o fornecimento só foi normalizado às 3h30, como conta a professora Naira Queiroz, 33, moradora do bairro Buritizal.
Apesar do restabelecimento do rodízio de energia, os moradores do Amapá voltaram a ter problemas de comunicação nesta quarta (18), com dificuldades para conseguir sinal de telefonia e redes móveis.
"Foi um sufoco a noite passada. Ficamos em pânico porque aqui tudo estava se repetindo, inclusive foi no mesmo horário e dia da semana do primeiro apagão. A energia voltou às 3h30, mas ainda estamos até agora sem sinal de telefone. Estou usando o wifi porque tenho luz agora", contou Naira.
Com o restabelecimento, os moradores de Macapá e mais 13 municípios do Amapá voltaram a ter energia de forma racionada, por meio de um sistema de rodízio de três a quatro horas entre os bairros. Mesmo assim, a PM (Polícia Militar) do Amapá registrou, pelo menos, nove protestos nas duas maiores cidades do estado - Macapá e Santana - entre a noite de terça e a madrugada de quarta.
Em um deles, os moradores fecharam a avenida Carlos Lins Cortes, no bairro Infraero 2, e atearam fogo a pneus e pedaços de madeira. Desde o início do apagão, em 3 de novembro, foram mais de 80 manifestações.
Os moradores de 14 cidades do Amapá convivem com apagões desde o dia 3 de novembro, quando um incêndio destruiu os transformadores de uma subestação de distribuição de energia, deixando 90% da população do estado sem luz nem água e provocando escassez de alimentos e protestos em série nas ruas. Apenas Oiapoque, no extremo norte, e Laranjal do Jari, no extremo sul, não sofreram com a falta de eletricidade.
Um dos transformadores danificado foi recuperado e garantiu o restabelecimento parcial da energia, ainda na primeira semana após o incêndio. O segundo transformador, que pode garantir o fornecimento de energia a 100% do estado de forma integral, retirado da subestação do município de Laranjal do Jari, chegou a Macapá na manhã desta quarta (18), após mais de 30 horas de transporte por balsa pelos rios da região, segundo a concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE).
Segundo a concessionária, o equipamento passará por testes e deve ser interligado ao sistema até o dia 26 de novembro. Um dia depois do prazo estabelecido pela justiça federal para a solução definitiva do problema.
O governo do Amapá informou que, na última segunda (16) o Estado recebeu 37 geradores termelétricos, que devem garantir o retorno provisório da energia em período integral a 100% dos domicílios, mas não apontou prazo para que isso ocorra. A CEA (Companhia Energética do Amapá), no entanto, estima que os racionamentos se estendam até o dia 26 de novembro.
O MME informou que o fornecimento de energia elétrica "apresentou instabilidade, com desligamento e interrupção de 183 MW de cargas às 20h27min, em virtude do desligamento automático do transformador da subestação de Macapá e da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes" e que as causas da "ocorrência" estão sendo investigadas.
Ainda segundo o MME, "nos próximos dias", o sistema do Amapá terá o reforço dos geradores e do transformador que chegou de Laranjal do Jari.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deve concluir, em nove dias, o relatório sobre as causas do apagão que atinge o estado e pode punir os responsáveis com multa a intervenção da concessão. Além de, em conjunto com Ministério Público Federal, uma ação civil pública de reparação de danos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta