Entidades ligadas à educação esperam que o novo ministro aprofunde o diálogo para a solução dos problemas, especialmente no contexto de desafios impostos pela pandemia do coronavírus. "Estamos aqui na ponta, precisamos ser ouvidos. Esperamos que o ministro nos escute e leve em consideração nossos questionamentos", diz Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Segundo Cecilia, eventual retorno às aulas presenciais após mais de quatro meses com as escolas fechadas exigirá uma série de mudanças nas instituições de ensino. Ela cita desde a necessidade de lavatórios até readequações no corpo docente para contemplar professores com comorbidades. "Deverá haver aporte financeiro do MEC. Temos de voltar e várias coisas terão de ser adquiridas."
Para Edward Madureira Brasil, vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), também é preciso que o ministro estabeleça relação de confiança com as universidades federais. "O que a Andifes espera é diálogo, algo que foi muito difícil com o ministro nesse período." A associação também pleiteia um alívio nas restrições orçamentárias, para que as universidades consigam cumprir seu papel. Durante a gestão de Abraham Weintraub houve bloqueio de recursos das instituições de ensino superior, o que motivou muitos protestos.
"Com o financiamento adequado, as universidades conseguem fazer muita coisa. Esse não pode ser um ponto de preocupação. A universidade tem de se preocupar com problemas reais, como o desenvolvimento de vacinas e respiradores", diz o vice-presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele também espera que seja respeitada a autonomia das universidades em relação à nomeação de reitores. O MEC chegou a nomear reitores que não haviam sido escolhidos pela comunidade universitária.
Para Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, é urgente que o MEC se responsabilize pela coordenação de ações "para minimizar impactos brutais na educação básica por causa da crise provocada pela Covid". Essa resposta educacional à pandemia tem sido dada pelos secretários de Educação e pelo Conselho Nacional de Educação. Além de ações emergenciais, há ainda ações estruturantes como melhorar a formação inicial dos professores e o apoio à educação de tempo integral.
Segundo ela, até agora não só deixou de haver diálogo com entidades que compõem a gestão pública da educação como as "pontes foram explodidas". "O diálogo não é apenas para dar maior legitimidade às ações. A articulação é necessária porque a implementação das políticas passa por vários atores que precisam ter alinhamento. Sem isso, a formulação perde a força. O MEC se isolou esse tempo todo, abdicou do seu poder de influência e contribuição."
Em relação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), cuja continuidade deve ser votada na Câmara na semana que vem, o melhor que o MEC tem a fazer é apoiar a aprovação do texto, diz Priscila.
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