> >
'Estilo Fux' é incógnita para o Palácio do Planalto

"Estilo Fux" é incógnita para o Palácio do Planalto

No Planalto, a equipe de Bolsonaro busca entender os movimentos de Fux para um possível reposicionamento do governo diante do STF

Publicado em 27 de julho de 2020 às 10:12

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Data: 10/02/2020 - ES - Vitória - Luiz Fux, ministro do STF fazendo palestra de abertura do Ano Letivo da ESPGEES. - Editoria: Politica - Foto: Ricardo Medeiros - GZ
O ministro Luiz Fux ainda é uma incógnita para o Palácio do Planalto. (Ricardo Medeiros)

Prestes a assumir o comando do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 10 de setembro, o ministro Luiz Fux ainda é uma incógnita para o Palácio do Planalto. A discrição do magistrado, que troca o burburinho político dos jantares de Brasília por treinos de jiu-jítsu com os próprios seguranças, aumenta a expectativa do presidente Jair Bolsonaro e de seus principais auxiliares sobre a postura do futuro chefe da Corte.

No Planalto, a equipe de Bolsonaro busca entender os movimentos de Fux para um possível reposicionamento do governo diante do STF, onde tramitam inquéritos que investigam fake news e atos antidemocráticos que fecham o cerco à família e a apoiadores do presidente.

Fux tentará equilibrar a leveza com a formalidade nas relações institucionais para delimitar os espaços da Praça dos Três Poderes. Sem interlocução com o Executivo, ele também não deverá ter encontros frequentes com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O "estilo Fux" implica, por exemplo, evitar até mesmo mensagens de WhatsApp, meio de comunicação preferido de Bolsonaro, pouco afeito à liturgia do cargo. Fux prefere que os contatos sejam feitos por meio de seus assessores. Ele também não está nas redes sociais nem pretende ingressar. O magistrado continuará evitando os palpites sobre os humores da política sob o argumento de que "o silêncio não se distorce".

Interlocutores do ministro dizem que visitas-surpresa, sem prévio agendamento, também não serão bem-vindas. Em maio, Bolsonaro deixou o Planalto rumo ao STF arrastando ministros e empresários para pressionar a Corte por medidas mais flexíveis de distanciamento social. Bolsonaro foi recebido pelo presidente Dias Toffoli e, sem o conhecimento do magistrado, passou a transmitir ao vivo nas redes sociais.

FORÇAS ARMADAS

A presidência de Fux também deverá ser marcada pelas boas relações com os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica. Recentemente, o ministro do STF Gilmar Mendes gerou uma crise ao declarar que o Exército se associou a um "genocídio" ao se referir à atuação dos militares no enfrentamento ao coronavírus. Questionado sobre o entrevero, Fux respondeu que não "estigmatiza" a presença de integrantes das Forças em determinados ministérios.

No discurso de posse que começou a ser rascunhado, Fux quer imprimir seu estilo. A previsão é que ele faça deferências, do presidente a um velho conhecido vendedor de milho verde no Rio.

Carioca e torcedor do Fluminense, ele pretende conciliar as tarefas da presidência do STF e sua rotina, que inclui fazer bicicleta enquanto lê os jornais, tocar guitarra e treinar jiu-jítsu. "O trabalho é meio de vida, mas não meio de morte", costuma dizer.

A posse deverá ocorrer com poucos convidados - e transmissão ao vivo - por causa do coronavírus. O magistrado deverá ir pessoalmente ao Planalto entregar o convite para Bolsonaro. Ao assumir a Corte, Fux estabelecerá como prioridade a retomada econômica pós-pandemia, pauta convergente com a do governo.

Por outro lado, não deverá se abster de discussões sobre direitos fundamentais. Segundo interlocutores, o magistrado não deverá estabelecer uma relação beligerante, mas está disposto a ser contundente na defesa de pautas que conflitam com bandeiras do bolsonarismo.

O próximo presidente do STF é categórico ao afirmar que vai evitar que o Judiciário seja entulhado por questões políticas que deveriam ser resolvidas pelo Legislativo. Nestes casos, ele deverá "decidir por não decidir", diz uma pessoa próxima.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais